Como ajudar meu filho a estudar na pandemia?

Blocos de atividades acumulados. Anúncios de pendências no aplicativo da escola. Recados da coordenação. No ensino remoto ou presencial, é constante a corrida que os pais enfrentam para cobrar dos filhos as demandas escolares. De um lado, crianças com aulas ao vivo com seus professores em um modelo diferente do que estavam acostumadas; de outro, crianças sem contato com a escola com uma demanda de atividades a serem entregues periodicamente. Nos dois casos, o desafio é o mesmo: como ajudar o meu filho a estudar na pandemia?

A princípio, precisamos reconhecer que, se tem sido penoso para os adultos lidarem com as transformações da rotina, é ainda mais para as crianças. Isso porque elas podem não ter desenvolvido ainda algumas habilidades necessárias, como autorregulação, independência e autonomia. Dessa forma, é necessário orientar os nossos filhos até que eles possam se responsabilizar sozinhos pelas suas atividades.

Pensando nisso, trouxe algumas dicas práticas que podem auxiliá-los:

-       Converse com seus filhos: um pensamento que sempre carrego comigo é “se não dou o direito de minha filha saber algo, como posso cobrá-la disso?”. Explique que a rotina mudou, que todos precisaram se adaptar, que, embora não esteja sendo fácil, todos precisam se esforçar para cumprirem suas atividades.

-       Escute-os, valide suas emoções: um dos maiores perigos da comunicação entre pais e filhos é a verticalização: pais falam e filhos escutam. Isso faz com que eles sintam que não existe uma abertura para trazer qualquer assunto, insatisfação, dor, para conversar com você. Além disso, eles podem pensar que os sentimentos deles não são considerados pelos pais, que não são importantes.

-       Mantenha um clima tranquilo: se adultos já não lidam muito bem com a pressão, tampouco as crianças vão lidar, por isso é fundamental manter um clima agradável e uma convivência acolhedora.

-       Estabeleça uma rotina: é necessário estabelecer horários para estudar, para as refeições, para brincar, etc. A falta de rotina dificulta a organização das crianças e isso ocasionará mais atrasos.

-       Não cobre em excesso: deixe claro os combinados, as rotinas, as tarefas. Estabeleça-os previamente. Dê um voto de confiança e entenda que, muitas vezes (na maioria delas), a perfeição não será alcançada.

-       Monitore o uso do celular/computador: aqui em casa eu uso um aplicativo, o family link, que monitora e controla as atividades da minha filha no telefone. Com ele, eu consigo restringir o tempo nas redes sociais e definir o horário de bloqueio à noite, por exemplo. Entretanto, é preciso compreender também que a maioria das atividades deles são feitas pelo telefone, logo, é importante ser flexível.

-       Saiba quando pedir ajuda: algumas questões dos nossos filhos podem não ser compartilhadas conosco como gostaríamos e, muitas vezes, sentimo-nos perdidos quanto a forma de ajudá-los. Desse modo, é importante saber recorrer à escola e/ou a um terapeuta para que o profissional te oriente adequadamente.

Além disso tudo, vale lembrar que os filhos não vêm com manual de instrução e que as mesmas ações que funcionam para um podem não funcionar para o outro. Cada um demanda um cuidado diferente, uma atenção especial. Reconhecer isso vai nos ajudar a respeitar o processo deles, que é individual. Por fim, pense que, para além do cumprimento do currículo, o mais importante agora é reforçar os laços, zelar por uma boa convivência e preservar a saúde física e mental. As outras questões vamos ajustando com o tempo.

Renata Antunes Fogaça, formada em Letras - Licenciatura da Língua Portuguesa, Especialista em gramática da Língua Portuguesa e Especializanda em Neuroeducação.  Renata é proprietária da Escola Lição A+ em Itabirito/MG e referência em ensino no município.