A ocorrência de chuvas no país tem garantido um melhor nível de água nos reservatórios das hidrelétricas brasileiras, ao contrário do que ocorreu em 2021. De acordo com o boletim do Programa Mensal de Operação (PMO), divulgado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a estimativa é que o armazenamento de água nas hidrelétricas do subsistema Sudeste/Centro-Oeste fique em 49,2% no mês de setembro. Ano passado, esse nível ficou em 14,9%.
Para o Norte, Nordeste e Sul, a expectativa é que os níveis dos reservatórios atinjam 78,6%, 66,5% e 90,7%, respectivamente. No ano passado, no mesmo período, o nível para esses subsistemas foi de 63%, 40,3% e 31%, respectivamente. A chamada Energia Natural Afluente (ENA), que é a quantidade de água que chega na usina e pode ser transformada em energia, deverá atingir, até o final deste mês, segundo o ONS, percentuais superiores aos de 2021.
Com a folga nos níveis de água, o pleno funcionamento das usinas fica dependendo de sua manutenção, seguindo uma rotina minuciosa e que requer bastante planejamento das empresas que as administram. De acordo com o engenheiro mecânico Helio Henrique Martins Souza, as manutenções são planejadas de forma a reduzir o impacto na disponibilidade de energia elétrica ao país.
“Normalmente acontecem em período de seca, pois assim, como a vazão nos rios é menor, pode-se desligar uma unidade, deixando que a outra consuma toda a água disponível, sem prejuízos à geração”, explica.
Ele enfatiza que as manutenções são divididas em duas categorias: corretivas e preventivas. A primeira ocorre quando se identifica um defeito na máquina, que precisa ser corrigido em médio ou curto prazo. “Pode acontecer em qualquer época do ano e a duração depende muito da severidade do defeito encontrado. Já a preventiva, é a manutenção com maior previsibilidade, focada na conservação das máquinas e prevenção de defeitos”, explica.
Helio Souza ressalta que, em relação à periodicidade, as manutenções preventivas são realizadas anualmente ou a cada três anos, a depender do caso. “A primeira é uma manutenção curta, pouco invasiva, onde é feito a filtragem de óleo lubrificantes, limpeza de trocadores de calor, painéis elétricos, dispositivos de manobras no circuito elétrico e inspeções gerais que não demandem muita desmontagem. Já a segunda, tem uma duração maior e, por consequência, maior nível de desmontagem dos componentes”, detalha.
O profissional acrescenta que, além de todo o escopo das manutenções anuais, é feita uma inspeção detalhada de peças como o rotor da turbina e do gerador, mancais, comportas, transformadores, dispositivos de manobras elétricas e painéis. Sistemas de proteção e controle da máquina também são todos testados e ajustados nessa manutenção.
Segundo Souza, todo o processo de manutenção passa por um planejamento minucioso, com o levantamento da necessidade das atividades, estudo dos manuais de fabricantes, normas técnicas relacionadas, mão de obra envolvida, sobressalentes necessários e, por último, as negociações para o melhor momento para a atividade.
“Essas negociações têm o objetivo de reduzir o tempo de gerador parado, minimizar o impacto na geração de energia e, sobretudo, garantir a segurança dos trabalhadores, da população no entorno da usina, a segurança da instalação propriamente dita e a preservação do meio ambiente”, conclui ele, que desempenha há 16 anos as funções de Técnico e Engenheiro Mecânico, sendo oito deles atuando em usinas hidrelétricas.
Médias de Longo Termo maiores em todos os subsistemas em setembro de 2022
Segundo as estimativas do ONS, percentuais de água que pode ser transformada em energia quando chega na usina, também conhecida como ENA, foram superiores neste mês, em comparação com o mesmo período do ano passado. De acordo com o órgão, no subsistema Sudeste/Centro-Oeste, a estimativa é fechar setembro com 67% da Média de Longo Termo (MLT), ante os 59% de 2021.
Já no Norte, a expectativa é que se atinja 79% da MLT, contra 77% no ano passado. No Nordeste, a média esperada é de 65% contra 46% e, no Sul, a previsão é atingir 116% da MLT, ante os 76% do ano anterior.
Ainda de acordo com o boletim do ONS, a projeção de carga no Sistema Interligado Nacional (SIN) para este mês é de 68.667 de carga própria de energia (MWmed), o que corresponde a 2,9% a menos do que foi projetado no mesmo período de 2021. O Norte segue apresentando aumento na projeção de carga, com alta prevista de 6,2% (6.738 MWmed).
Para o Sudeste/Centro-Oeste, a projeção é um recuo de 3,2% (39.478 MWmed), entre setembro de 2022 e de 2021. Para a região Sul, a redução é estimada em 0,9% (11.601 MWmed) e, para o Nordeste, a desaceleração projetada é de 8,5% (10.850 MWmed).
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