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Uma Tarde de História

Olá caro leitor do outro lado da telinha! Hoje tem Prosa Inventiva (pra) Sortá (os) Trem Acumulado.

13/10/2021 21h56
Por: Redação Fonte: Luís Fernando Gurgel e Souza
Uma Tarde de História

Já estive na Praça da Matriz em Cachoeira do Campo muitas vezes, mas nunca havia entrado na igreja. Escrevi essas linhas no dia que pela primeira vez entrei na Matriz de Nossa Senhora de Nazaré. Neste dia, reparei que a igreja estava com as portas abertas, meio que me convidando para entrar.

 

Foram minutos gratificantes. Uma joia barroca de Minas Gerais. A impressão foi magnífica. Logo na entrada é possível ver as telas pintadas no teto. No canto à esquerda retratando Adão e Eva no Paraíso e na outra ponta a expulsão  do casal do Éden. Continuando a entrar, podemos contemplar as colunas adornadas no estilo barroco dos dois lados com os altares com imagens de santos católicos e Jesus Cristo na cruz. Os púlpitos clássicos localizados nas laterais da nave central onde os padres faziam as homilias e o altar principal com o arco barroco adornado e ao fundo a imagem elevada de Nossa Senhora de Nazaré. Muito belo!

 

Fui criado em uma família católica (mais minha mãe, na verdade). Muita coisa mudou desde minha infância, inclusive a minha percepção sobre a religião. Mas a áurea sagrada dos templos não há como ignorar. Convite para o silêncio e a meditação. Nestes casos, não importa qual fé professamos, ali tudo converge para o sagrado, para o algo maior que estas vestes humanas. E a arte desses templos? Muito belo mesmo!

 

Como parte dos minutos gratificantes teve a prosa com o seu Nilson, funcionário da Paróquia. Enquanto eu estava absorto na obra-prima física e espiritual da Igreja, ele me abordou. O homem tem muita história para contar.

 

Seu Nilson me contou que a praça que chamo de "Praça da Matriz" tem o nome verdadeiro de "Praça Felipe dos Santos". Esse nome foi dado em homenagem a este conhecido personagem das aulas de História do Brasil que foi arrastado dessa Praça até Ouro Preto como castigo por se rebelar contra a Coroa Portuguesa.

 

O seu Nilson me mostrou uma inscrição em uma das pedras que compõe a mureta no adro da Matriz. Parecia-me um sulco em formato de V. Seu Nilson disse que agentes do Iphan atestaram se tratar de uma inscrição feita pelos primeiros bandeirantes no século XVII. Pensa! Será que o bandeirante se chamava Victor?

 

Perguntei se a Igreja é trabalho de Aleijadinho, pois o que vi me fez lembrar a obra do artista referência da arte barroca mineira. Fiquei sabendo que a Igreja foi erguida por volta de 1724, portanto antes de Aleijadinho nascer. Parece que esta é uma pergunta muito comum feita ao seu Nilson, pois ele tem um papel com anotações das datas de construção da Igreja Matriz e do nascimento do Aleijadinho (por volta de 1738). Os entalhes da Igreja são de autoria do artista barroco chamado Manuel de Mattos, segundo registros da própria Igreja.

Durante o Império, conta-se que o imperador Dom Pedro II registrou em um diário suas percepções sobre uma viagem que fez a Minas. Neste diário tem o seu relato sobre a Matriz Nossa Senhora de Nazaré: “A igreja é no estilo nacional-português, o primeiro do barroco”.

 

 O simpático seu Nilson ainda  disse que a frente da Igreja está voltada para a antiga estrada que dava em Ouro Preto, passando por São Bartolomeu. A parte de trás da Matriz dá para a rodovia. Ou seja, nos idos daqueles séculos a estrada que passava no Distrito de São Bartolomeu era a principal via para Ouro Preto.

 

Para finalizar, seu Nilson disse que a Ponte de Pedra que dá acesso à rodovia se chama na verdade “Ponte do Palácio”, pois na região onde hoje é a Escola Estadual Nossa Senhora Auxiliadora havia uma acomodação de autoridades reais dos tempos coloniais. Durante o período colonial, os governadores da Capitania de Minas assistiam à missa na Matriz de Nossa Senhora de Nazaré.

 

Seu Nilson da Paróquia de Nossa Senhora de Nazaré me presenteou com toda essa história.

 

Eu disse que foram minutos muito gratificantes. História, arte, boa prosa e comida boa. Esta última eu concluí na Padaria Dolci Pani, ali mesmo na Praça Felipe dos Santos. Comi um bolo indiano. Uma delícia!

 Luís Fernando Gurgel e Souza, sobre histórias do cotidiano, fábulas, crônicas futebolísticas e emoções de cada um.  luisfgurgel11@gmail.com

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Penso em publicar na coluna as histórias de humor sobre as aventuras do detetive Ted Rocky, as histórias da Abelha Rita Bee com suas pílulas de sabedoria filosófica. As inusitadas histórias de um torcedor de futebol. O cotidiano de um jovem casal recém-casado. Crônicas espirituosas e espiritualizadas. Uma caixinha sortida de crônicas.
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