Por Daise Maria Prato da Silva
Nesta semana da pátria, divulgo o texto escrito por minha querida sogra Daise, há muito guardado na gaveta. Daise Maria Prato da Silva é gaúcha de Uruguaiana (cidade que fica bem na fronteira com a Argentina), professora aposentada de Língua Portuguesa e atuou em grande parte da carreira na Escola Municipal Major Raimundo Felicíssimo, em Amarantina, distrito de Ouro Preto. A seguir, a crônica “Retratos do Brasil”.
O Brasil é, antes de tudo, muitos países: o Brasil do Sul, europeizado e gauchesco; o Brasil do Nordeste, verdadeiro laboratório etnológico, onde se misturaram as três raças que compuseram o painel humano do país. Existe o Brasil Amazônico, em que convivem índios ainda próximos da cultura neolítica, ocultos pela floresta, e técnicos altamente capacitados, produzindo sofisticados equipamentos eletrônicos na Zona Franca de Manaus. Há o Brasil das Minas Gerais, de velhas cidades adormecidas no tempo, cujas ruas pedregosas ainda ecoam passos de inconfidentes e poetas; mas também cidades modernas e vibrantes. E existe, é claro, o Brasil de São Paulo, múltiplo mesmo em comparação à multiplicidade do país como um todo. São Paulo dos imigrantes italianos, dos japoneses e dos nordestinos; é quase um país dentro do país. Ao mesmo tempo, com a placidez dos santuários, existe o Brasil do Pantanal, imensidão de águas e terras habitadas pelo especialíssimo caboclo pantaneiro. Com tudo isso, afinal, quem somos nós, os brasileiros?
Somos, em primeiro lugar, índios: tupis, jês, aruaques, divididos em famílias cada qual com sua própria língua, espalhada por todos os brasis. Somos também portugueses e, evidentemente, somos também negros. Somos mulatos e mamelucos, cafusos ou curibocas. Somos franceses e também holandeses.
No Sul, somos italianos, alemães e poloneses; somos russos-brancos e suábios.
Somos uma grande diversidade. Aqui nascemos nas matas e praias. Para aqui viemos em grandes caravelas, também chegamos por mar em porões de navios e, ainda por mar, chegamos nós assustados, sem entender a língua, ofuscados pelo sol brilhante, encantados com a paisagem, carregando poucos pertences e muitas esperanças.
Somos o orgulhoso cacique e o anônimo guarani. Somos muitos. E mais do que muitos, tantos. Somos, acima de tudo e graças a Deus, brasileiros.
Luís Fernando Gurgel e Souza, sobre histórias do cotidiano, fábulas, crônicas futebolísticas e emoções de cada um. luisfgurgel11@gmail.com
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