Em meados de agosto, uma mulher idosa entrou na sede da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), em Rio Branco, e, ao ver uma das servidoras, começou a chorar. Rapidamente a equipe se prontificou a acolhê-la e, então, veio a surpresa.
A idosa retornou à instituição para agradecer às servidoras pelo atendimento que ali recebeu e, em especial, o suporte oferecido pela assistente social Ana Paula Gomes.
“Conversamos e ela me disse que, depois do atendimento, sua vida é outra. Ela fez o registro, o agressor saiu de casa, e hoje ela vive uma vida saudável e sem violência. Foi muito bom ver esse caso; é gratificante o retorno para a gente”, relata a assistente social.
Multiplicar e aperfeiçoar acolhimentos dessa natureza é o que o Estado do Acre tem buscado oferecer às mulheres recepcionadas na Deam. O incremento de pessoal e a entrega, em abril, do espaço ampliado e revitalizado, são algumas das ações bem-sucedidas no atendimento às mulheres.
“Melhoramos muito na estrutura física. A delegacia está muito acolhedora, com cada espaço pensado para que a mulher chegue e encontre um ambiente que tem uma aura diferente”, revela a delegada titular da Deam, Elenice Frez.
Com novas cores e pintura, mensagens motivacionais, quadros nas paredes e banheiros privativos, a Deam conta com projetos de incentivo e apoio como o Ei, Você Consegue!, de apoio à vítima, bem como o Closet Solidário, com roupas e kits de higiene, além da oferta de lanches rápidos individuais, com bolachas e biscoitos.
A ideia da revitalização, ampliação e implantação dos projetos idealizados pela equipe, é proporcionar, em vez de um ambiente sisudo ou pesado, um espaço acolhedor às mulheres vítimas.
“Quisemos mudar tudo isso e buscamos, de todas as formas, alcançar o objetivo. Também trouxemos itens de casa para deixar a delegacia com uma carinha mais acolhedora e acho que a gente conseguiu. Tem sido bastante significativo”, conta Elenice.
Em média, dez mulheres são atendidas na Delegacia Especializada todos os dias. De 1º de janeiro a meados de agosto, 1.083 inquéritos policiais foram instaurados. O número representa quase 1.176 inquéritos instaurados durante o ano de 2022.
O aumento no número de atendimentos, segundo Elenice, deu-se após a entrega da estrutura física revitalizada, o incremento de pessoal e a volta do plantão 24h. “O atendimento melhorou, a demora diminuiu e retomamos o plantão. Então, é natural que o resultado seja a procura maior pelo serviço”, analisa.
“Desde abril [quando houve a entrega da revitalização], lavramos 152 autos de prisão em flagrante, em poucos meses. A média é de um a dois homens presos em flagrante, diariamente”, acrescenta.
Atualmente, há três formas de denunciar a violência física, psicológica ou patrimonial contra a mulher. A primeira é o registro feito pela própria vítima. Nesse caso, são apresentadas todas as medidas protetivas oferecidas na Lei Maria da Penha.
A segunda forma de denúncia é feita quando a Polícia Militar leva a vítima até a delegacia. E a terceira forma é quando a vítima não está fortalecida o suficiente para fazer a denúncia e um terceiro faz o registro por ela nos canais da Polícia Militar 190, Central de Atendimento à Mulher 180 ou Disque 100.
“Esse é o maior diferencial que temos hoje. Como a equipe plantonista atende todas as mulheres que chegam até a delegacia, a equipe de investigação está tendo a possibilidade de buscar cada uma dessas mulheres que ainda não tiveram coragem de vir aqui. Conseguimos ajudar muitas delas, tirar da situação de violência e encorajar”, comemora Elenice.
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