A Comissão de Transporte e Mobilidade Urbana (CTMU) realizou, nesta quarta-feira (30), uma reunião técnica que discutiu a atual situação e os principais gargalos de infraestrutura do sistema de metrô no DF. O encontro foi promovido pelo presidente da CTMU, deputado Max Maciel (Psol), e contou com a presença de representantes da Companhia do Metropolitano do Distrito Federal (Metrô DF), de metroviários e de especialistas em mobilidade urbana.
Os dois episódios de incêndio em vagões ocorridos este ano foram citados como exemplo para se destacar a urgência de melhorias na infraestrutura do transporte metroviário. Maciel pontuou que o sistema enfrenta sérias dificuldades operacionais e estruturais, desde o sucateamento dos trens até problemas com contratos de empresas terceirizadas que, segundo ele, comprometem a eficiência e a manutenção do serviço.
"O transporte metroviário é uma pauta de grande importância para a atuação desta comissão e do nosso mandato, pois sabemos que nossa rede enfrenta uma série de desafios que comprometem seu funcionamento e a prestação adequada do serviço", afirmou Maciel, mencionando as recentes visitas técnicas e audiências públicas promovidas para investigar a situação.
A falta de integração com áreas como Asa Norte, Sobradinho e Planaltina reflete, para ele, a falta de capacidade de os gestores públicos encararem a mobilidade urbana sobre trilhos como prioridade no DF. O deputado alertou para a necessidade de se tratar o transporte por metrô como uma política de Estado, e não apenas de governo. “O problema do sistema de transporte sobre trilos no DF é que ele não é encarado como um programa de Estado. Entra governo e sai governo e ninguém encara isso como prioridade”, afirmou.
Investimentos
O diretor-presidente do Metrô, Handerson Cabral Ribeiro, destacou que a companhia está atenda às necessidades de modernização da malha e que uma série de investimentos estão previstos para promover melhorias estruturais. Segundo informou, está previsto um aporte de R$ 900 milhões para a aquisição de 15 novos trens que serão comprados por meio de financiamento junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A aquisição do novo maquinário aguarda trâmite contratual junto ao Governo Federal.
Ribeiro afirmou ainda que a companhia está investindo R$ 400 milhões para ampliação do metrô de Samambaia, e que as obras serão iniciadas em janeiro de 2025. “Nós estamos trabalhando com muita seriedade para garantir que, dentro dos próximos cinco anos, a gente tenha um conjunto considerável de investimentos na expansão da malha, aquisição de novos equipamentos e modernização do sistema para reforçar a disponibilidade dos nossos trens”, afirmou.
Sobre os episódios de incêndio nos veículos, os representantes do Metrô afirmaram que foi contratada uma empresa que está fazendo uma perícia técnica que resultará num laudo constando suas reais causas e que, de posse desse documento, a companhia adotará medidas para que eventos como este não ocorram novamente.
Trabalhadores alegam sucateamento
Metroviários presentes relataram más condições de trabalho e baixo quantitativo de empregados para denunciar o que chamaram de “sucateamento do sistema”. A metroviária cobrou um tratamento mais humanizado com relação aos empregados e aos usuários. Ela rechaçou a fala dos representantes da empresa, de que o metro está passando por uma modernização, e mencionou que a unidade de Taguatinga, onde trabalha, está operando apenas com gerador de energia, o que tem causado um “calor absurdo” em sua estação. “Vocês [dirigentes] não escutam a população. Essa modernização nunca chega na ponta”, protestou.
O último concurso do Metrô do Distrito Federal foi realizado em 2013, o que, de acordo com a fala de representantes sindicais, reflete a falta preocupação do GDF em investir em recursos humanos para atender às crescentes demandas e ao aumento do fluxo de passageiros do metrô.
Representado a Federação Nacional dos Metroviários (Fenametro), Alda Lúcia declarou ser contra a ideia de privatização do metrô. Ela mencionou o caso de Minas Gerais para justificar que a desestatização encarece o custo da passagem e prejudica a qualidade do serviço.
Segundo informou, o sistema de Belo Horizonte transportava cerca de 240 mil pessoas diariamente antes da privatização, número que caiu para 90 mil por conta do encarecimento da passagem, que saltou de R$ 1,80 para R$ 5,50. “É obrigação do Estado manter o transporte público. Privatizar só serve para quem quer ter lucro, e o transporte público não serve para isso”, declarou.
Maciel afirmou que a CTMU continuará realizando reuniões e audiências públicas para debater soluções para os problemas enfrentados pelo metrô bem como discutir iniciativas para melhorias e expansão das linhas. O deputado pontuou trabalhará para que o orçamento de 2025 para a área seja compatível com as necessidades do DF. A reunião teve transmissão ao vivo pela TV Câmara Distrital (canal 9.3) e pelo YouTube da CLDF .
Christopher Gama - Agência CLDF de Notícias
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