A Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) está concluindo as obras em um galpão de recirculação de água no Campo Experimental de Felixlândia, região Central do estado, onde serão realizados experimentos para avaliação da qualidade de rações para tilápias, desempenho e eficiência alimentar e tratamento de dejetos dos peixes na água.
As novas instalações também permitirão a condução de pesquisas sobre capacidade e densidade de estocagem de animais por metro cúbico e padronização de metodologias de alimentação.
“Vamos estabelecer vários programas nutricionais, com diferentes rações que serão testadas e validadas nesse galpão, para podermos estabelecer parâmetros de alimentação e passar aos produtores informações para que possam atingir uma produção maior e mais qualitativa”, detalha o pesquisador da Epamig Alisson Meneses.
O galpão é composto por 52 caixas d’água de 2 mil litros, cada uma com capacidade de lotação de até 300 quilos de tilápia.
Também integram o novo sistema instalado em Felixlândia um reservatório de 10 mil litros, para abastecimento por gravidade, uma bomba com potência para bombear 20 mil litros/hora e biofiltros, que farão o tratamento dos dejetos dos peixes.
Alisson lista algumas das vantagens do novo espaço. “Dentro das instalações não há oscilação térmica, fator que compromete os resultados das pesquisas. Além disso, não haverá perda de ração nem predadores para atacarem os peixes durante os experimentos. Trata-se de um ambiente 100% controlado”, ressalta o pesquisador da Epamig.
O local também vai abrigar projetos para avaliação de escalas e intervalos alimentares e análises de viabilidade econômica da piscicultura. “Faremos simulações para saber, por exemplo, qual o impacto produtivo e econômico de deixar os peixes sem alimentação durante o fim de semana. Vale a pena contratar mais funcionários ou não? São dados importantes para gerar renda aos piscicultores e auxiliar na manutenção do homem no campo”, comenta Alisson Meneses.
Os pesquisadores projetam que o galpão possa atingir uma capacidade produtiva de até 12 toneladas de tilápia a cada seis meses. Peixes jovens, com peso variando entre 10 e 30 gramas, serão inseridos nas caixas, onde passarão por testes até chegarem ao ponto de abate, que costuma ser entre 850 gramas e um quilo. Os animais passarão por biometria a cada 15 dias.
Adubação orgânica
Outro destaque das novas instalações é o sistema de tratamento da água, composto por um filtro físico de brita e por biofiltros com capacidade de filtragem de até 20 mil litros de água por hora.
“A amônia produzida pelos peixes é um poluente que precisa ser retirado, para que a água fique limpa e possa ser devolvida aos tanques onde ficam os animais. Esse processo é realizado por bactérias que proliferam na água e convertem a amônia em nitrito e nitrato, durante a filtragem”, conta Alisson Meneses.
Ele explica que plantas macrófitas também serão inseridas no sistema de filtragem, para serem utilizadas em uma compostagem que vai gerar adubo orgânico para o Campo Experimental de Felixlândia.
“Essas plantas absorvem o nitrito e o nitrato convertido pelas bactérias, e vão se proliferando na água. A cada dois ou três dias, vamos retirá-las dos biofiltros e colocá-las em composteiras, onde vão auxiliar na produção de adubo orgânico, que será utilizado em demais pesquisas. Produzir de maneira mais sustentável é uma preocupação ambiental deste trabalho”, explica.
Os pesquisadores ainda vão aproveitar para avaliar e medir a capacidade que cada planta macrófita tem de remover os nutrientes poluentes da água, o que deve gerar resultados promissores que auxiliarão no tratamento dos dejetos da piscicultura. A previsão é de que as instalações entrem em pleno funcionamento a partir do próximo mês.
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