O médico sanitarista Claudio Maierovitch, ex-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Santiária), afirmou nesta sexta-feira (11) à CPI da Covid que a presença da azitromicina no chamado "kit covid" - conjunto de medicamentos previstos pelo governo para tratamento precoce contra covid-19, entre eles a cloroquina - pode aumentar a resistência bacteriana.
Ele explica que a resistência de resistência de bactérias a antimicrobianos, caso da azitromicina, é um desafio da ciência no século 21, e que a medicina atua para reduzir o uso de antibióticos sempre que possível com esse objetivo. Desde 2010, a venda desse tipo de remédio é mais rígida e ocorre apenas mediante apresentação de receita em duas vias, sendo que uma delas fica retida na farmárcia.
Ele criticou o uso indiscriminado na pandemia. "Na medida em que esses antimicrobianos são distribuídos na forma de kits, nós teremos cada vez menos opções para tratar infecções microbianas importantes", disse. "A azitromicina tem um lugar específico para utilização na terapêutica médica. Um antibiótico de uso fácil e prático, pode ser dado em dose diária, e vem sendo queimado pelo uso irresponsável para uma indicação que não lhe cabe", completou.
A crítica sobre o uso errado do medicamento diz respeito ao entendimento da classe médica e científica de que não há remédios eficazes para tratamento contra infecção pelo novo coronavírus, de acordo com as principais pesquisas conduzidas no mundo sobre o tema.
A existência de normas regulamentando o tratamento precoce e o incentivo ao uso de produtos como cloroquina e ivermectina vem sendo um dos principais pontos abordados pelos senadores na CPI da Covid. As autoridades, ex-ocupantes de cargos públicos e especialistas que passaram pela comissão foram questionados sobre o tema.
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