A Câmara dos Deputados da Itália aprovou nesta quarta-feira (12) o projeto de lei que veta a entrada de grandes navios, com 40 mil toneladas ou mais, no centro histórico de Veneza. O documento recebeu 370 votos a favor, 16 contrários e registrou 29 abstenções (todas do partido de extrema-direita Irmãos da Itália (FdI)) e já entra em vigor.
O texto tem como base um "decreto-lei", uma espécie de medida provisória, que foi firmada pelo governo italiano no fim de março. Ele já havia sido aprovado no Senado (168 votos a favor, nenhum contra e 26 abstenções) em abril.
O decreto-lei foi publicado oficialmente em 1º de abril e dá 60 dias para a Autoridade do Sistema do Mar Adriático Setentrional lançar um "concurso de ideias" para escolher uma solução definitiva para um problema histórico da cidade.
Atualmente, os navios de cruzeiro e de grande porte cruzam a Bacia de San Marco e o Canal de Giudecca para chegar ao terminal de passageiros de Veneza, que fica localizado ao lado da principal estação ferroviária. Agora, a ideia é que o trajeto chegue ao porto de Marghera, já na parte continental do território e evite possíveis danos ao delicado sistema estrutural da cidade.
Muitos foram os episódios em que esse tipo de embarcação causaram acidentes com prédios históricos, além de provocar danos ambientais pelo impacto dos navios. No entanto, a lei é vista com desconfiança por ambientalistas e também pela oposição, já que projetos semelhantes haviam sido aprovados em 2013 e 2017, mas nunca foram colocados em prática.
Esse foi o motivo, inclusive, que provocou as abstenções do FdI nas votações da Câmara e do Senado.
"Irmãos da Itália se absteve sobre o decreto relativo ao tráfego de cruzeiros que atinge a Lagoa de Veneza porque representa a enésima perda de tempo e um novo desperdício de dinheiro público. Grita a vergonha os 2,2 milhões de euros separados para um projeto de ideias e nada mais. Mesmo com o bom o artigo que fala sobre a continuidade territorial, o governo prefere adiar qualquer decisão no que tange aos problemas ligados ao código de transportes", disse o deputado do FdI e membro da comissão de Transportes da Câmara, Mauro Rotelli.
Recentemente, em entrevista à ANSA, o presidente da ONG ambientalista Legambiente Veneto, Luigi Lazzaro, também se colocou como crítico à proposta do "concurso de ideias" ao invés do debate diretamente com a sociedade civil para encontrar uma solução final.
"Parece um jogador que lança a bola para a arquibancada a cada ação, esperando o apito final. Infelizmente, em Veneza, falta um árbitro, e existe o risco de um enésimo adiamento de soluções concretas", afirmou o ambientalista.
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