Um clima de tensão e de troca de acusações marca o primeiro encontro de alto nível na gestão de Joe Biden entre representantes dos Estados Unidos e da China, iniciado na quinta-feira (18), em Anchorage, no Alasca.
As conversas acontecem em meio às críticas de Washington às políticas de Pequim para Hong Kong, Taiwan e Xinjiang, região onde a minoria muçulmana uigure é alvo de repressão.
O chefe de diplomacia do Partido Comunista Chinês (PCC), Yang Jiechi, cobrou que os EUA "parem de levar sua democracia ao resto do mundo" e afirmou que o país asiático "não vai aceitar acusações injustificadas".
Além disso, Yang salientou que os Estados Unidos têm uma "longa história de problemas no campo dos direitos humanos" e citou os recorrentes episódios de racismo por parte das polícias americanas.
A delegação chinesa é liderada pelo ministro das Relações Exteriores, Wang Yi, enquanto a dos EUA é encabeçada pelo secretário de Estado, Anthony Blinken, e pelo conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan.
Em seu discurso de abertura, Blinken disse que mostraria as "profundas preocupações com ações da China, incluindo em Xinjiang, Hong Kong e Taiwan, ataques cibernéticos contra os Estados Unidos e coerção econômica" dos aliados de Washington.
"Cada uma dessas ações ameaça a ordem que mantém a estabilidade global", declarou o secretário. Já Yang acusou os EUA de usarem seu poderio militar e sua supremacia financeira para "suprimir" outros países.
Além disso, afirmou que os Estados Unidos "abusam das noções de segurança nacional para obstruir o comércio e incitar alguns países e atacarem a China". Até mesmo o protocolo do encontro se tornou motivo de embate, com representantes americanos acusando os chineses de "demagogia".
Segundo a delegação dos EUA, os representantes da China desrespeitaram o acordo para limitar o discurso de introdução a dois minutos. Já a delegação de Pequim disse que estava "concentrada no diálogo", mas acusou os americanos de também não respeitarem o tempo à disposição e de usar sua abertura para fazer "acusações irracionais".
O embate entre EUA e China marcou os quatro anos de mandato de Donald Trump, especialmente no âmbito comercial, com os dois países travando uma guerra tarifária que impulsionou o protecionismo no planeta.
O encontro desta semana era aguardado para mostrar qual seria a postura do governo Biden nas relações com a grande rival dos EUA no cenário internacional.
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