Um estudo publicado no Global Scientific and Academic Research Journal of Multidisciplinary Studies (Vol. 4, Issue 1, ISSN: 2583-4088) analisou os riscos e a evolução da lipoenxertia de glúteo, popularmente conhecida como Brazilian Butt Lift (BBL), um procedimento estético que utiliza gordura do próprio paciente para aumentar o volume das nádegas. Segundo os dados apresentados pela Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos (ASAP), a técnica registrou um crescimento de 28% entre 2014 e 2016 nos Estados Unidos, enquanto a colocação de próteses de silicone nas mamas permaneceu estagnada, com variação de 0%. Apesar da popularidade impulsionada pelas redes sociais, o procedimento é marcado por altos índices de complicações, como embolia gordurosa e mortalidade, o que levou à formação de uma força-tarefa internacional em 2017 para investigar sua segurança.
Conforme informado no estudo, a lipoenxertia de glúteo apresenta riscos, com taxas de mortalidade que variam de 1:2.351 a 1:6.241, de acordo com a informação do estudo. Esses números indicam um risco 10 a 20 vezes maior que o de outras cirurgias plásticas, como a abdominoplastia, cuja taxa é de 1:55.000, e 3 a 5 vezes superior à abdominoplastia, anteriormente considerada o procedimento estético mais arriscado.
O relatório aponta dados que evidenciam a gravidade da embolia gordurosa como uma das principais causas de morte associadas ao Brazilian Butt Lift. Uma dissecação cadavérica no Cleveland Clinic Simulation & Advanced Skills Center revelou que a camada subcutânea contém, em média, 25 vasos por cadáver, com diâmetros de 0,9 mm para artérias e 1,05 mm para veias. Em contraste, nas camadas muscular e submuscular, os vasos das ramificações glúteas superior e inferior têm diâmetros médios de 3,47 mm e 4,3 mm para artérias, e 7,61 mm e 13,65 mm para veias, aumentando o risco de lesões vasculares e embolias. A falta de estudos anatômicos detalhados sobre a localização desses vasos contribui para a persistência desses perigos, segundo a pesquisa.
Segundo os dados apresentados, a força-tarefa de 2017, composta por entidades como a Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos e a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética, promoveu melhorias na segurança do procedimento. Entre 2017 e 2019, a taxa de mortalidade caiu de 1:3.448 para 1:14.952, enquanto a incidência de embolias gordurosas fatais e não fatais diminuiu de 1:1.030 para 1:2.492 nos últimos 24 meses analisados. A adesão à recomendação de injetar gordura apenas no plano subcutâneo subiu de 39,8% em 2017 para 85,7% em 2025, e o uso de injeções em camadas musculares profundas caiu de 13,1% para 0,8%. Apesar disso, apenas 29,8% dos cirurgiões utilizam cânulas com diâmetro superior a 4 mm, como sugerido pelas diretrizes, evidenciando lacunas na padronização.
Sobre o assunto, o Dr. André Ahmed, Cirurgião Plástico e especialista em Gluteoplastia, afirmou que a pesquisa destaca um aumento de 28% na realização desse procedimento entre o período informado e que reflete uma demanda estética crescente, mas que os riscos associados, como taxas de mortalidade que variaram de 1:2.351 a 1:6.241 antes das diretrizes de 2017, são um alerta importante para a comunidade médica e os pacientes. O Dr. André continuou dizendo que esses números, que são 10 a 20 vezes superiores aos de cirurgias como a abdominoplastia, reforçam a necessidade de discutir a segurança dessa técnica. O Dr. André também disse que a informação de que a injeção de gordura em camadas profundas, como a muscular ou submuscular, é um dos principais fatores de risco, devido aos vasos sanguíneos maiores presentes nessas regiões e a dissecação cadavérica citada na publicação, com diâmetros de veias glúteas chegando a 13,65 mm na camada submuscular contra 1,05 mm no plano subcutâneo, evidencia por que a embolia gordurosa segue como uma complicação grave. “Em minha prática, priorizo a gluteoplastia com implantes de silicone justamente por oferecer um controle maior sobre o plano anatômico, geralmente intramuscular ou subfascial, evitando os perigos da injeção de gordura e eliminando o risco de embolias sistêmicas. Esses dados reforçam minha visão de que a gluteoplastia é uma alternativa mais segura e previsível”.
Ainda de acordo com a publicação, a migração de gordura para planos profundos é um risco crítico, mesmo em técnicas avançadas. Estudos indicam que grandes volumes de gordura injetados no músculo glúteo podem migrar para áreas de maior risco, como o espaço intramuscular, aumentando a chance de complicações como lesões no nervo ciático ou embolias.
O relatório aponta dados sobre a influência do índice de massa corporal (IMC) nos riscos da lipoenxertia, com uma correlação moderada entre IMC e espessura muscular (r = 0,412; P = 0,019) e uma relação mais forte com a espessura subcutânea (r = 0,496; P = 0,004). Essas variações exigem uma seleção rigorosa de pacientes e um planejamento cirúrgico detalhado para minimizar complicações. A pesquisa também observa que 93,5% dos cirurgiões pesquisados estão cientes das diretrizes de 2017, mas a diversidade nas práticas – como o tipo de cânula e a posição do paciente – impede uma segurança uniforme. A falta de informações precisas online, com apenas 50% da população compreendendo os riscos do BBL, agrava o problema, segundo estudos de 2022.
Perguntado sobre a publicação, o Dr. André afirmou que diferentemente da lipoenxertia, que depende da disponibilidade de gordura e da imprevisibilidade da reabsorção, a gluteoplastia com implantes oferece resultados estáveis, sem a necessidade de ajustes posteriores devido à migração ou perda de volume. O Dr. André ainda disse que concorda com a conclusão do estudo de que os avanços reduziram os índices de complicações, mas os riscos permanecem relevantes. “Em minha experiência, vejo a gluteoplastia como uma solução mais confiável para quem busca aumento glúteo, especialmente diante da incerteza da lipoenxertia em camadas profundas. A cirurgia plástica deve equilibrar estética e segurança, e esses dados reforçam a necessidade de orientar os pacientes sobre as opções mais seguras e consistentes, como os implantes, enquanto a ciência segue aprimorando técnicas seguras”.
Mais detalhes em: https://www.youtube.com/watch?v=gnnGueFIGaU
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