O crescimento da presença feminina no mercado de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) brasileiro supera, em 1,5%, o mesmo índice registrado para os homens. Os dados são da pesquisa Diversidade de Gênero no setor TIC em 2023.
De acordo com o levantamento, feito pela Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais (Brasscom), a representação feminina atingiu um crescimento anual de 7,7%, de 2020 a 2023.
Para Cristina Boner, empresária e profissional da área de tecnologia, os índices são resultado de iniciativas de incentivo à inclusão feminina no setor. “Programas educacionais, bolsas de estudo, bootcamps voltados para mulheres e um movimento crescente de conscientização sobre diversidade nas empresas têm sido fatores determinantes para essa mudança”.
Segundo Boner, o mercado também percebeu a importância da diversidade para inovação e tem tornado o ambiente mais receptivo para profissionais mulheres. “Elas estão conquistando espaço em diversas áreas da tecnologia, como desenvolvimento de software, ciência de dados, cibersegurança, UX/UI design, inteligência artificial e gestão de projetos de TI”.
O estudo também revelou que o crescimento feminino em funções técnicas de Tecnologia da Informação (TI), como Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e Engenharia, atingiu 2,1%, enquanto o masculino registrou 1,3%. Em posições de liderança o crescimento entre as mulheres foi de 0,6% e entre os homens houve uma queda de 1,7%.
“Também há um aumento na presença feminina em cargos de liderança dentro do setor, ainda que esse número continue abaixo do ideal. Além disso, muitas estão se destacando no empreendedorismo tecnológico, criando startups inovadoras e impactando o mercado”, ressalta a empresária.
Diversidade de gênero no setor
Apesar do aumento da presença feminina no segmento de tecnologia, as mulheres ainda são minoria neste mercado de trabalho. A pesquisa da Brasscom indica que profissionais do gênero feminino ocupam 39% das oportunidades no mercado, ante a 61% de profissionais do gênero masculino.
Boner explica que a predominância masculina no setor de tecnologia tem raízes históricas e culturais. “Durante muito tempo, a tecnologia foi vista como uma área masculina, o que resultou em uma baixa representatividade feminina e poucas referências para inspirar novas gerações”.
Além disso, a empresária pontua que muitas mulheres enfrentam desafios como desigualdade salarial, falta de oportunidades de crescimento e ambientes de trabalho pouco inclusivos. “Apesar dos avanços, ainda há barreiras que precisam ser quebradas para que a participação feminina seja proporcional à dos homens”.
As análises da pesquisa indicam que o viés de gênero é o fator impactante na ascensão de mulheres a cargos de liderança e salários mais altos. Os dados, em um recorte de escolaridade por gênero no setor, apontam que 9,9% das mulheres em cargos de diretoria e gerência são pós-graduadas. Entre os homens na mesma posição, o índice é de apenas 8,2%.
A empresária destaca que é importante que empresas implementem políticas de recrutamento mais inclusivas, ofereçam mentorias específicas para mulheres e criem ambientes de trabalho que promovam equidade e pertencimento. Boner defende ainda que a diversidade não é apenas uma questão de justiça social, mas um diferencial estratégico para o crescimento sustentável do setor de tecnologia.
“É essencial investir em programas educacionais que incentivem meninas desde cedo a explorarem carreiras em tecnologia. A visibilidade de mulheres que já atuam no setor também é fundamental para inspirar e motivar novas profissionais a ingressarem na área”, reforça Boner.
Participação feminina e futuro do setor de tecnologia
Em outubro de 2024, a Brasscom divulgou dados do setor de TIC do primeiro semestre de 2024. Segundo os números, a participação de mulheres em posições de liderança no segmento cresceu 1,6% nos últimos cinco anos.
A especialista lembra que a Tecnologia é uma das áreas mais transformadoras da atualidade e afirma que a presença feminina nela é essencial para que a inovação seja, de fato, inclusiva. Boner acredita que quanto mais mulheres ingressarem e se destacarem no setor, mais rápido as barreiras ainda existentes serão quebradas.
“A conscientização sobre a importância da diversidade tem levado empresas a adotarem políticas mais inclusivas e as novas gerações já estão mais abertas à equidade de gênero no setor. Com o crescimento contínuo de iniciativas voltadas para mulheres na tecnologia, acredito que veremos mudanças significativas nos próximos anos, tanto em termos de representatividade quanto de oportunidades de liderança para mulheres”.
Às mulheres que desejam ingressar em carreiras profissionais dentro da tecnologia, a empresária é enfática. “Minha principal dica é não se intimidar com a predominância masculina no setor. E, acima de tudo, acreditem no seu potencial e não tenham medo de se posicionar”.
Boner reforça que é essencial buscar capacitação, participar de comunidades voltadas para mulheres na tecnologia, construir redes de contato, encontrar mentoras que possam orientar na trajetória e estar sempre atualizada – já que a tecnologia é um campo dinâmico que exige aprendizado contínuo.
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