Nutritivo, econômico e com resultados consolidados: é assim que o trigo MGS Brilhante, desenvolvido pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) , vem se saindo em dezenas de propriedades como alternativa de forrageira para o inverno.
Só em 2024, foram produzidas 60 toneladas de sementes da cultivar, e aproximadamente 20 toneladas já foram comercializadas – e a demanda segue crescente, inclusive por pecuaristas de outros estados.
O agrônomo Maurício Coelho é pesquisador da Epamig e explica que o MGS Brilhante provou que pode ser utilizado sem restrição e em qualquer quantidade, seja puro ou misturado em diferentes proporções com a silagem de milho.
“Os estudos com gado de leite ainda estão em curso mas, para o gado de corte, já temos resultados que indicam que não há diferença no peso dos animais entre o trigo e outras silagens, o que o torna mais interessante por ter um custo mais barato”, explica Maurício Coelho.
A Epamig estima que o custo de produção da tonelada de silagem do MGS Brilhante seja em torno de 40% mais barato que o da silagem de milho, por exemplo. “Outra grande vantagem para o produtor é poder produzir as próprias sementes. No primeiro ano, ele planta as sementes compradas e, a partir do segundo, semeia os próprios grãos, o que reduz ainda mais o custo”, detalha o pesquisador.
Gado de leite
A principal característica que torna essa silagem tão vantajosa é a ausência de aristas, que são estruturas da semente que causam pequenos ferimentos no rúmen dos bovinos. “O trigo apresenta de 12% a 14% de proteínas, enquanto o milho tem entre 7% e 8%. Além disso, ele tem a fibra longa, um fator importante por estimular a ruminação das vacas de leite, consequentemente, melhorando a absorção de nutrientes pelos animais”, acrescenta Maurício Coelho.
Lucas Cursino dos Santos, da Fazenda Agropecuária Córregos, em Jesuânia, no Sul de Minas, conheceu o MGS Brilhante em um dia de campo há cerca de dois anos. Em 2024, por sugestão da Epamig, plantou cinco hectares da cultivar para produzir silagem e colher sementes. “A resposta tem sido ótima e os animais estão em perfeitas condições”, diz.
“Qualquer mudança na dieta das vacas leva alguns dias para estabilizar, mas a adaptação foi instantânea. Também não tivemos queda na produção de leite”, conta Lucas. Os testes estão sendo conduzidos com 26 animais e, ao longo de 90 dias, haverá um acompanhamento com pesagem diária de leite e sobras da dieta, e análises de gordura, proteína e sólidos totais do leite.
Outros benefícios do trigo MGS Brilhante são a resistência à seca e ao calor; ser uma cultura de inverno que se encaixa muito bem na entressafra de verão; substituir bem o milho safrinha, que é suscetível a pragas, como a cigarrinha.
Também pode ser usado na rotação de cultura, reduzindo as principais pragas das culturas de verão e a incidência de plantas daninhas, o que reflete no custo de produção da safra seguinte. Diferentemente do milho, a colheita do trigo deixa uma palhada no solo, promovendo a umidade da terra e o controle de plantas daninhas.
A MGS Brilhante foi lançada pela Epamig em 2005 para a produção de pães, a princípio. Em 2018, no entanto, pesquisadores perceberam que ele era ideal para a produção de silagem.
A pesquisa conta com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) , em mais de 40 unidades demonstrativas espalhadas por Minas Gerais, e com a parceria da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG) , que prospecta produtores para aplicar a tecnologia e promove sua difusão em eventos.
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