A ideia de educação para mudar o mundo talvez seja a esperança que o filósofo e pedagogo Paulo Freire deixou para aqueles que sonham com um mundo de paz, dignidade e justiça social. Inspirado no professor, o Governo do Maranhão, por meio da secretarias de Estado dos Direitos Humanos e Participação Popular (Sedihpop) e da Educação (Seduc), em parceria com o Movimento Sem Terra (MST) lançou, nesta segunda-feira (21), o Núcleo de Educação Popular (NEP) Paulo Freire, que tem como objetivo central a articulação de uma rede maranhense de educadores populares com formação em Direitos Humanos, Educação, Comunicação e Cultura Popular, agentes de promoção e defesa dos direitos fundamentais. O NEP está em harmonia, ainda, com pelo menos seis Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas.
A Educação Popular, como nos ensinou Paulo Freire, é um processo político-pedagógico que visa a transformação social. Embora a educação, por si, não transforme a sociedade, o esforço coletivo e consciente de construção, apropriação e multiplicação do conhecimento impulsiona processos importantes de transformação da realidade. No entanto, é preciso ter em mente que a promoção desta educação requer a valorização do conhecimento produzido com, pelo e para o povo, potencializando seus saberes, suas realidades e com base nisso, construir novos saberes a partir das leituras do contexto sociopolítico.
O lançamento do NEP Paulo Freire contou com a participação virtual de Nita Freire, viúva do professor, que destacou a importância de formar educadores populares e que estes educadores sejam pessoas amorosas, no sentido de fazerem o que gostam, porque educar é um dos principais compromissos na busca de uma sociedade melhor e mais justa. Nita falou da esperança para Paulo Freire e defendeu que a esperança que o autor defendia é nutrida pela ação, é preciso lutar e agir por esse mundo “esperançado”. A esperança precisa da força do movimento do verbo, por isso, dizia “esperançar”: fazer esse mundo melhor e investir em educação popular é agir por essa transformação.
Em sua fala, o secretário de Estado da Sedihpop, Chico Gonçalves lembrou que 2021 é o ano do centenário de Paulo Freire e afirmou que o melhor jeito de celebrar o autor é ensinando o seu método: “E o Núcleo de Educação Popular tem exatamente esse objetivo de compartilhar com educadores e movimentos sociais o legado de Paulo Freire, mas sobretudo de organizar os educadores em uma grande rede de Educação Popular que auxilie no combate a todas as violações que exploram as pessoas e roubam a sua dignidade, porque o método de Paulo Freire não é descolado da promoção dos direitos humanos.”
O secretário de Estado da Seduc, Felipe Camarão destacou a importância de Paulo Freire para a educação brasileira e o defendeu como patrono da educação brasileira e maranhense, pois ele quem inspira o Governo do Maranhão em suas ações, em programas como o Escola Digna, que garante um espaço adequado para a convivência dos alunos, para um melhor aprendizado e que capacita também os professores para a promoção de um ensino de qualidade; o “Sim, eu Posso!”, que alfabetizou centenas de adultos em parceria com o MST; e agora com o Núcleo de Educação Popular, que tende a promover uma educação libertária como Paulo Freire ensinou. Ressaltou programas de segurança alimentar e afirmou que “Apesar das dificuldades impostas pela pandemia, o Governo Flávio Dino tem atuado para garantir comida na mesa e livro na mão.”
O coordenador do MST no Maranhão, Jonas Borges agradeceu a fala de Nita Freire e a parceria com o Governo do Estado, afirmou que o trabalho com o governo tem trazido bons frutos, como a alfabetização promovida pelo “Sim, eu posso!” e agora com o NEP que já era um plano antigo do movimento e irá ser fundamental para a construção da rede de educadores e uma oportunidade de aproximação com os movimentos locais.
O gestor do NEP na Sedihpop, Bruno Lacerda, que assistiu ao evento, afirmou que a rede de educação popular tende a ser “uma rede dinamizada por meio atividades formativas, que deve contribuir com o fortalecimento da pauta dos direitos humanos nos municípios, pois tais formações dialogarão com a Agenda 2030, que requer a implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. Diretamente, de forma inicial, as formações estão alinhadas a pelo menos seis dos objetivos da Agenda: o de combate a fome e promoção de agricultura sustentável; Saúde e bem-estar; Educação de Qualidade; Igualdade de Gênero; Trabalho decente e crescimento econômico; e o de Redução das Desigualdades. Então, podemos afirmar, que de certo modo, a educação popular já está transformando a vida dos maranhenses, promovendo direitos e combatendo as injustiças.”
O NEP Paulo Freire engajará mobilizadores, educadores, voluntários, lideranças comunitárias e sociais em diversos segmentos da sociedade civil, movimentos sociais, igrejas, organizações não-governamentais e outras representações que se disponham a construir uma rede de solidariedade ativa em defesa dos direitos, do conhecimento e da vida do nosso povo. Devendo, assim, reunir lideranças indígenas, quilombolas, ribeirinhas, pescadores, assentados rurais e agricultores familiares, professores e estudantes de instituições de Ensino Médio e Superior do estado do Maranhão. Por conta da pandemia, serão privilegiadas atividades virtuais, como lives, webinários, cursos, seminários e plenárias, sempre articulados aos temas da educação, comunicação e cultura popular.
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