O acompanhamento pré-natal de qualidade pode prevenir a prematuridade em até 70% dos casos
A angústia e o medo deram lugar à esperança e à alegria na vida de Ana Angélica e de Manuel Messias, ambos de 35 anos. O primeiro filho do casal recebeu alta médica na última segunda-feira (13), depois de 44 dias de internamento no Hospital Geral Dr. César Cals (HGCC), unidade da Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa). Caio, bebê do casal, nasceu prematuro e precisou de cuidados e atenção especiais nos primeiros momentos de vida.
Durante a alta médica, Ana Angélica era só alegria. Cenário diferente de quando a mãe soube que o filho nasceria prematuro. “Foi um baque. Tive medo, angústia, pensei que poderia perdê-lo. Quem se prepara para ser mãe, nunca espera que o filho nasça antes do tempo, né?”, confessa. A prematuridade, porém, é mais comum do que se pensa. De acordo com dados do Serviço de Neonatologia do HGCC, 1.345 bebês nasceram prematuros apenas na unidade hospitalar de janeiro a outubro de 2023.
O chefe do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do HGCC, Flávio Ibiapina, explica que a prematuridade acontece quando o bebê nasce antes da 37ª semana de gestação, podendo acarretar sequelas ao recém-nascido devido à imaturidade dos seus órgãos e sistemas, principalmente o sistema respiratório e o sistema nervoso central.
Para diminuir o risco do nascimento prematuro, a orientação é realizar o acompanhamento pré-natal adequado durante toda a gestação, com controle das infecções, anemia, entre outros cuidados. “O rastreio através da ultrassonografia para ver a medida do colo (do útero) é outra medida que deve ser feita durante o pré-natal”, alerta Flávio Ibiapina.
De acordo com o obstetra, o pré-natal pode prevenir a prematuridade em até 70% dos casos. Caso a mãe já tenha o conhecimento prévio de uma doença, como hipertensão, diabetes, lúpus ou outra condição que se agrave na gestação, a enfermidade deve estar sob controle e também é necessário realizar um acompanhamento pré-natal de qualidade para tentar diminuir os riscos.
Quando a mãe já tem histórico de parto prematuro, o cuidado deve ser redobrado. “A paciente deve realizar ultrassonografias para medir o comprimento do colo uterino e indicar se ela está em maior ou menor risco. Procedimentos, como administração de medicações, como a progesterona ou até a cerclagem uterina (ponto no colo do útero), são utilizados para tentar diminuir o risco de prematuridade em casos de risco aumentado”, orienta Ibiapina.
A prematuridade deve ser olhada com bastante atenção, pois ela aumenta o risco de morte neonatal ou de morbidades para o bebê, situação que agrava a saúde do recém-nascido. “Isso vai requerer investimentos com terapia ocupacional, fisioterapia ou psicopedagogia, porque a prematuridade pode comprometer o desempenho escolar, se pensarmos em um horizonte de dois, três, quatro anos de idade”, esclarece Ibiapina.
Mesmo tomando os devidos cuidados, existem situações em que a prematuridade é inevitável. A chegada inesperada de Caio é um desses exemplos. Ana Angélica explica que teve uma infecção urinária assintomática na gravidez e por isso seu filho nasceu com 29 semanas e um dia. “Fiz o pré-natal todo certinho no posto de saúde. Não faltava nenhuma consulta, mas não deu tempo de fazer o último exame. Com certeza, a minha infecção urinária teria sido verificada, mas não deu tempo”, relata.
Flávio Ibiapina explica que casos assim são normais. “Essa condição é chamada de bacteriúria assintomática. Para prevenir, a gestante deve realizar, durante o pré-natal, a urinocultura em três ocasiões diferentes, uma vez a cada trimestre, e tratar, em caso positivo”, aconselha.
Passado o susto, no HGCC, antes da alta, o pequeno Caio recebeu os cuidados necessários na Unidade de Cuidado Intermediário Neonatal Canguru (UCINCa), método modelo de assistência ao recém-nascido prematuro e sua família. Antes, ele também recebeu cuidados na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal e na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal Convencional (UNINCo).
O filho de Ana Angélica e Manuel Messias nasceu prematuro, com 29 semanas e um dia, e recebeu alta na Semana da Prematuridade
O bebê fez exames, passou pela cirurgia de frenotomia, teve acesso ao acompanhamento nutricional e ao acompanhamento de retinopatia da prematuridade (ROP), serviço destinado aos prematuros, que, geralmente, apresentam essa enfermidade ocular. Com todo esse cuidado, o bebê passou de 1.590kg para 2.108 kg em 44 dias. Ele já seguiu para casa com os seus pais para receber muito carinho e continuar com os cuidados para o seu desenvolvimento.
As complicações da prematuridade são a principal causa de morte no período neonatal, segundo a Organização Pan-americana da Saúde (OPAS). Por isso, os bebês prematuros necessitam de atenção especializada e cuidados específicos. Com o objetivo de dar visibilidade a esta
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