Stanley Borges, de 43 anos, é engenheiro civil e tem Glomerulosclerose Segmentar Focal - uma doença que compromete os rins e pode levar a insuficiência renal terminal - e há 5 anos recebeu um transplante de rim, que salvou a vida dele. Desde o diagnóstico, o médico esclareceu que ao longo do tempo o transplante seria necessário.
“Estava na fila para fazer o transplante, para receber e, infelizmente, no meu caso, foi abrupto o problema renal. Foi uma gripe muito forte que eu tive, precisei tomar muito antibiótico no hospital e os meus rins quase pararam”.
Após 12 anos de tratamento e 6 na fila de transplante, Stanley teve o rim doado pelo seu irmão. “Para mim, o transplante foi perfeito. Mudei, a qualidade de vida vai lá em cima. Enquanto eu vinha fazendo o tratamento não sentia tanto, parecia que eu estava normal. Quando você faz o transplante, recebe um rim novo, é outra vida”.
Biomédico, professor de biologia e presidente do Instituto Sangue Bom, Carlos Alberto Rezende, de 59 anos, conhecido como “professor Carlão”, passou por um transplante de medula óssea há quase 7 anos. O biomédico foi diagnosticado em 2015 com Aplasia Medular Severa - doença rara da medula óssea em que ocorre a diminuição da produção das células sanguíneas - e ficou 1 ano na fila de transplante.
“Quando você vive uma situação como essa que você precisa de um gesto de amor de outra pessoa que você não conhece para que você permaneça vivo, por mais que você tenha uma visão cética, você começa a enxergar as coisas de uma forma diferente. Eu tomava um número elevado de comprimentos diariamente. Recebia transfusões, duas, três por mês. Até que exatamente um ano depois eu recebi a notícia que tinha um doador compatível”.
A notícia do transplante deu uma nova perspectiva de vida ao professor Carlão e, no leito do hospital, ele fundou o atual Instituto Sangue Bom, voltado para campanhas de doação de sangue e medula óssea. “Essa pequena fração de medula óssea me salvou e possibilitou que hoje eu possa lutar para que mais pessoas vivam essa mesma experiência. Primeiro a gente consolida e forma uma nação que doa sangue, depois tenta cadastrá-la como doadora de medula óssea, para então formar uma futura geração doadores de órgãos”.
Setembro Verde
Para conscientizar a população, o Governo de Mato Grosso do Sul fez uma campanha sobre a importância de ser um doador e a grandeza do ato para aqueles que ganham uma nova oportunidade de vida graças ao transplante. A campanha que começa a ganhar as ruas foi lançada neste mês porque o Dia Nacional de Doação de Órgãos e Tecidos é comemorado em 27 de setembro. Por conta dessa data, o mês todo é chamado de Setembro Verde.
A CET (Central Estadual de Transplantes) de Mato Grosso do Sul foi autorizada pelo Sistema Nacional de Transplante no ano de 1999. Desde a criação até agosto deste ano, durante aproximadamente 24 anos, o Estado realizou 4.432 procedimentos, incluindo transplantes de córnea, rim, tecido músculo esquelético, medula óssea autogênico e coração.
Só neste ano, Mato Grosso do Sul já realizou 147 transplantes de córnea, 23 transplantes renais, 2 transplantes de medula óssea autogênico e 1 transplante de coração. No Estado, Campo Grande realiza transplante de rim e de tecido músculo-esquelético (que inclui medula óssea), enquanto as córneas são transplantadas tanto na Capital quanto em Dourados.
No caso de transplantes de órgãos e tecidos que não são realizados no Estado, o paciente é encaminhado para outro local para o procedimento. A lista para transplantes é única e vale tanto para os pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde) quanto para os da rede privada.
De acordo com a legislação brasileira, em caso de morte, a palavra final é da família independentemente da vontade do doador. Segundo Claire Carmem Miozzo, coordenadora do CET, a doação de órgãos é uma decisão importante e que pode ser tomada por todos, basta comunicar aos familiares.
“A importância de doar órgãos é salvar vidas. Para o receptor é a esperança de uma nova vida e, muitas vezes, a única maneira de continuar vivendo é realizar um transplante. Portanto, converse com sua família. Deixe claro sua vontade de ser doador de órgãos. Sua família vai respeitar sua vontade”.
Heloisa Duim, do Programa de Estágio Supervisionado
Fotos: Bruno Rezende
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