Secas, tempestades, enchentes e avanço do mar: como o Ceará pode se preparar para as doenças causadas pelas alterações ambientais? A pergunta conduziu o primeiro seminário Impacto das Mudanças Climáticas na Saúde, realizado pela Escola de Saúde Pública do Ceará (ESP/CE), autarquia vinculada à Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), nessa quinta-feira (14), no auditório da autarquia.
O evento, que aconteceu em parceria com as Universidades da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) e Federal do Ceará (UFC), contou com a presença de gestores de saúde, especialistas em clima, professores e estudantes.
Segundo a diretora de Educação Permanente e Profissional em Saúde da ESP/CE, Suzyane Barcelos, a mobilização de atores dos dois eixos é importante para entender os cenários, analisar as estatísticas e programar o futuro.
“Reunir esses especialistas aqui é o início de um diálogo para possíveis ações de enfrentamento a Doenças Sensíveis ao Clima (DSC). Os desastres globais podem provocar emergências na saúde pública e é por isso que precisamos estar preparados”, explica a gestora.
O oficial nacional para Emergências e Regulamento Sanitário Internacional na OPAS/OMS, Rodrigo Frutuoso, que apresentou um painel sobre mudanças climáticas no seminário, acrescentou que o debate é necessário e urgente.
“Se nós não aproveitarmos o momento de agora para entendermos, nos prepararmos e nos qualificarmos, o impacto para a nossa população e território vai ser ainda maior”, refletiu o especialista, que tem experiência em situações extremas como a crise da microcefalia causada pelo zika vírus e o rompimento da barragem de Brumadinho (MG).
As doenças vetoriais, como a dengue, e as do trato respiratório, a exemplo da asma, foram destaques no seminário como patologias que são influenciadas pelas variações climáticas. A dengue pode apresentar aumento no número de incidências com a elevação da temperatura. Já o crescimento de internações por asma pode ocorrer com a chegada das precipitações.
De acordo com o professor e pesquisador do Programa de Pós-graduação em Energia e Ambiente da Unilab, Alexandre Cunha Costa, que coordena a pesquisa Mudanças Climáticas na Saúde, essas constatações já eram observadas e confirmadas de maneira empírica, mas o estudo tem também como finalidade embasar cientificamente essas evidências.
“As políticas de saúde pública podem ser melhor planejadas a partir das evidências científicas. Por isso, esse evento acontece no melhor lugar, que é a ESP/CE. Aqui, podemos discutir os dados, conhecer as iniciativas que já existem e, assim, reorientar a nossa pesquisa”, ressalta.
O seminário foi finalizado com uma apresentação das professoras Rafaella Pessoa Moreira e Tahissa Frota Cavalcante. Elas são do Programa de Pós-graduação em Enfermagem da Unilab.
Com a missão de apresentar o último painel do evento sobre as intervenções de saúde com vista às mudanças climáticas, as docentes elencaram ações que podem ser aplicadas como forma de prevenir as Doenças Sensíveis ao Clima. Na dengue, as recomendações vão desde procedimentos educativos à redução de atividades em áreas abertas.
“Inspecionar a integridade da tela de proteção das janelas, por exemplo, é uma ação que pode ser orientada por um profissional de vigilância. À medida que o indivíduo conhece os fatores de risco, ele pode fazer algumas atuações de prevenção dentro da sua casa como usar roupas claras, eliminar locais de larvas do mosquito e afins”, recomenda Rafaella Pessoa.
A expectativa é que seja desenvolvido pela ESP/CE em parceria com a Unilab, um curso de 20 horas sobre a temática do seminário. A capacitação deve ser voltada para gestores e profissionais da Saúde.
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