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Abandono do tratamento da diabetes causa série de riscos; CIDH estimula retorno de pacientes faltosos

  A diabetes é uma doença crônica, complexa e de longa evolução. Ao mesmo tempo, é uma comorbidade “silenciosa”, que se desenvolve sem sintoma...

06/09/2023 11h40
Por: Redação Fonte: Secom Ceará
Foto: Reprodução/Secom Ceará
Foto: Reprodução/Secom Ceará

A diabetes é uma doença crônica, complexa e de longa evolução. Ao mesmo tempo, é uma comorbidade “silenciosa”, que se desenvolve sem sintomas. Quando eles aparecem, geralmente vêm acompanhados já de alguns problemas de saúde. Por isso, é importante a continuidade do tratamento e acompanhamento de possíveis complicações.

“A diabetes começa com sintomas vagos: você sente mais sede, faz mais xixi, perde peso subitamente, tem um cansaço excessivo, mas são coisas que começam devagarzinho, então a pessoa não percebe”, descreve a endocrinologista e diretora-geral do Centro Integrado de Diabetes e Hipertensão (CIDH), Cristina Façanha.

Cristina conta que alguns pacientes se descuidam na hora de tomar os remédios com frequência e retornar às consultas agendadas. “Tem gente que deixa de tomar a medicação e pensa ‘é só hoje’. Ou falta uma consulta por que está ‘aperreada’ com outras coisas e pensa ‘depois eu remarco’. E com essa história do ‘depois’, o tempo vai passando. Acontece que para as complicações relacionadas à diabetes, o tempo não volta”, alerta Cristina.

Ela explica que, nesse sentido, pessoas que convivem com diabetes devem ter atenção especial com três “hiper”: hipertensão (pressão sanguínea alta), hiperglicemia (altos níveis de açúcar no sangue) e hiperlipidermia (altos níveis de gordura no sangue). Quando esses três fatores estão descontrolados, existem riscos de complicações nos pés, olhos, rins, cérebro, coração, dentes, gengivas, e até de Acidente Vascular Cerebral (AVC).

“Estudos mostram que pessoas com diabetes controlada desde o diagnóstico, ou seja, que nunca tiveram descompensações, evoluem muito menos para complicações do que aquelas que sempre tiveram a glicose alta. Daí a necessidade da continuidade do tratamento”, pontua a diretora-geral do CIDH, unidade da Secretaria da Saúde (Sesa) especializada em atendimento de pacientes com diabetes de média e alta complexidade.

Sinceridade é fundamental

Outra característica do tratamento da diabetes é a importância do autocuidado apoiado, ou seja, a oferta de informações e orientações para o gerenciamento, de forma autônoma e empoderada, do estado de saúde e qualidade de vida do paciente.

Nesse processo, são importantes atitudes como monitorar a glicemia, fazer exercício físico e alimentar-se de forma saudável. Mas nem sempre as coisas caminham do jeito correto e, quando isso acontece, é preciso ser sincero nas consultas para que os profissionais de saúde ajudem a fazer ajustes.

“Alguns pacientes pensam: ‘eu não vou contar porque se a doutora descobre que eu comi isso, que eu não tomei insulina, que eu não fiz a monitorização das taxas, ela vai ficar chateada’”, descreve Cristina.

A endocrinologista alerta para o perigo desse comportamento, especialmente quando são levados ao médico valores incorretos das taxas de glicemia. Ela atribui essa prática a uma ideia antiga de que é preciso “obedecer” o médico.

“Tratar diabetes é como participar de uma equipe, em que a gente faz tudo junto. O médico, o enfermeiro, o nutricionista, eles dão a liga, a liderança das informações e orientações. São como técnicos de um time de futebol, mas o paciente é o jogador, que vai adaptar aquilo dentro da realidade da sua vida”, compara Cristina.

Cursos de educação

O CIDH é uma unidade de atendimento secundário integrante da Rede Sesa. O Centro atende há 35 anos pacientes que fazem acompanhamento de diabetes. Pela natureza crônica da doença, são pessoas que retornam com frequência à unidade. Para os pacientes que faltam as últimas consultas, o Centro organiza mensalmente o Curso de Educação em Diabetes.

São formadas duas turmas: para pacientes com diabetes mellitus tipo 1 (dm1) e diabetes mellitus tipo 2 (dm2). Em setembro, os cursos acontecem nos dias 20 (para pacientes com dm2) e 25 (para pacientes com dm1).

O curso busca aproximar quem não veio às últimas consultas na unidade e reúne informações sobre cuidados com a saúde da pessoa com diabetes, incluindo alimentação e atividade física, além de retorno de exames e consultas de rotina. Os usuários reunidos no auditório do CIDH recebem orientações de médica endocrinologista, nutricionista, enfermeira e assistente social. Na conversa, emergem trocas de experiências sobre como lidar com a diabetes.

Foto: Reprodução/Secom Ceará
Foto: Reprodução/Secom Ceará

Eleomárcia Bastos, 49, é professora e convive com diabetes tipo 2 há mais de 15 anos. Ela participou da edição de agosto do Curso de Educação em Diabetes.

“O curso foi bastante proveitoso pelas informações trazidas, porque o diabetes é uma doença silenciosa e séria. Se não cuidarmos, ela se desenvolve muito rápido para um processo negativo. As informações repassadas são de grande importância para nós, para o cuidado com nossa saúde”, descreve Eleomárcia. Quem vem ao curso, além das orientações, sai com consulta e exames marcados.

“Só tenho a agradecer a este Centro, que é uma referência de atendimento, que se preocupa, que tem o cuidado de trazer informações para tenhamos uma saúde de qualidade. Me sinto muito bem acolhida nesta casa, aqui tem todos os cuidados que o paciente precisa”, detalha a professora.

Cristina Façanha lembra que o curso tem a função de alertar para os perigos do abandono do tratamento, sem cair em uma abordagem alarmista, muitas vezes ineficaz no autocuidado. “A gente busca mostrar que o cuidado do dia a dia vai fazer com que essas pessoas tenham uma vida boa, saudável e feliz”, resume.

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