A psicóloga do HGWA em um dos momentos de acolhimento com uma acompanhante de uma paciente internada na unidade
Os primeiros socorros são basicamente as primeiras intervenções oferecidas a alguém que precisa de ajuda devido a alguma intercorrência. Esse tipo de ação pode ser usado de diversas maneiras, inclusive na Psicologia. Nesta abordagem, os Primeiros Socorros Psicológicos (PSP) são fundamentais para tranquilizar e proporcionar apoio em momentos de crises ou emergências. No próximo domingo, 27, é celebrado o Dia Nacional do Psicólogo. E o papel desse profissional é de fundamental importância no dia a dia dos pacientes.
No Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara (HGWA), unidade da Rede Sesa, no bairro Messejana, a equipe de Psicologia está apta para esse tipo de atendimento. A coordenadora do setor do HGWA, Jamile Vasconcelos, explica que ao identificar uma pessoa em crise, é preciso se aproximar com cautela, oferecer apoio e escutar com atenção.
“Às vezes, é necessário reorientar a pessoa em relação ao tempo, ao espaço e ao que precisa ser feito a partir daquele momento. No hospital, é comum que essas situações de crise aconteçam após a comunicação de más notícias, óbito ou intercorrências graves. Então, é importante que a equipe esteja preparada para acolher essa demanda”, pontua.
O acolhimento inicial é de fundamental importância em um momento de crise emocional
Essas medidas ajudam a estabilizar emocionalmente a pessoa em crise, evitando maiores danos emocionais ou até mesmo físicos. Ainda no Waldemar Alcântara, a equipe de Psicologia está preparando um material para iniciar a educação em saúde com os profissionais a esse respeito.
A psicóloga Lizandra Borges, que atua com os pacientes do HGWA, diz que, muitas vezes, essas intercorrências são por causa de crises psicóticas, desorientação ou choque por alguma notícia recebida. “O hospital já é um ambiente que pode promover pensamentos de perseguição. Nossa primeira ação é sempre acolher o paciente, orientá-lo de tempo e espaço e fazer uma abordagem compassiva”, pontua.
É importante destacar, de acordo com a profissional, que esse atendimento pode ser feito por qualquer pessoa treinada, e não apenas por psicólogos. “Em situações de óbitos, por exemplo, onde se tem um abalo emocional, qualquer pessoa, ou uma pessoa que tenha vínculo com a família, pode fazer esse procedimento. São gestos simples, como se aproximar com gentileza, perguntar se a pessoa gostaria da presença, oferecer uma água, um lugar para sentar e até mesmo uma palavra amiga para acalmar aquele momento”, finaliza.
Para amenizar o processo de hospitalização, o Hospital Regional do Cariri (HRC) conta com atuação da Psicologia Hospitalar. A vivência da internação, por muitas vezes prolongada, costuma ser acompanhada de impactos emocionais nos pacientes e familiares. Nesse processo, o papel do psicólogo é essencial nas unidades hospitalares.
“A psicologia permite viabilizar a melhora do quadro clínico do paciente, por meio de uma escuta qualificada e individualizada. Auxiliando-o a enfrentar, de forma mais equilibrada possível, o processo de adoecimento”, disse a psicóloga hospitalar do HRC, Germana Medeiros.
A profissional ressalta também o papel de acolhimento aos familiares dos pacientes, por muitas vezes, impactados psicologicamente devido à rotina hospitalar. “O acolhimento aos familiares também é imprescindível. A humanização se deve ao olhar sensível, tanto para o paciente quanto para aquele que o acompanha. São ações fundamentais para uma recuperação satisfatória”, destacou a profissional.
O atendimento psicológico pode ser solicitado tanto pela equipe multiprofissional quanto pelo familiar ou pelo próprio paciente. De acordo com Roziane Freitas, psicóloga do HRC, muitos pacientes têm o primeiro contato com a psicologia durante o período de internação na unidade hospitalar. “Muitos pacientes se surpreendem com o atendimento e passam a entender o processo e o papel do psicólogo na saúde mental das pessoas. É um momento importante também para desmistificar uma ideia pré-estabelecida que muitos possuem sobre o trato da saúde mental”, disse.
Psicóloga Juliana Murta reforça que a escuta aos pacientes e familiares ocorre de acordo com a necessidade e os limites de cada um
No Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto (HSM), são trinta psicólogos que atuam nas enfermarias de internação, na emergência e nos ambulatórios, juntamente com uma equipe multidisciplinar. De acordo com a psicóloga Juliana Murta, coordenadora do Serviço de Psicologia do HSM, o objetivo é oferecer uma escuta qualificada, ética e humanizada aos pacientes e familiares.
“Essa escuta ocorre de acordo com a necessidade e os limites de cada um, seja por meio da psicoterapia breve, dos processos grupais ou de estratégias lúdicas. Além disso, aliamos a assistência ao ensino e a pesquisa desenvolvendo encontros, atualizações, trabalhos científicos e orientando estudantes de diferentes instituições a fim de fortalecer não só a rede de saúde mental e a ciência, mas também de acolher futuros profissionais da área”, explica.
No HSM, também existe um Plantão Psicológico, que atende pessoas encaminhadas pela triagem realizada por médicos psiquiatras da Emergência. O atendimento no plantão psicológico inclui psicoterapia breve focal e intervenções na escuta terapêutica. “Oferecemos ainda mais dois retornos e, ao término do processo, se houver necessidade, encaminhamos o paciente para dar continuidade ao tratamento em outras unidades de atendimento”, reforça a psicóloga.
No Hospital Infantil Albert Sabin (Hias), a presença do serviço de Psicologia se revela como um alicerce fundamental para o bem-estar emocional de pacientes pediátricos e seus acompanhantes. Conforme a coordenadora do setor, Eliene Gomes, a unidade se destaca por oferecer um suporte integral no enfrentamento das crises inerentes ao contexto hospitalar. “Desde o diagnóstico até o tratamento e eventual internação, a equipe compreende que a jornada médica impacta não somente a saúde física, mas também a mental. O desafio de sair do ambiente familiar, se adaptar às regras hospitalares e enfrentar a desconexão do lar muitas vezes resulta em repercussões na saúde mental, tanto para a criança como para o acompanhante”, explica.
A psicóloga detalha que a adaptação à hospitalização e à doença é um processo complexo, variando de acordo com a idade e as demandas específicas de cada paciente. A abordagem difere se o paciente estiver acamado ou não, sendo a personalização do cuidado uma prioridade.
Além disso, o serviço de psicologia do Hias também lida com a dificuldade emocional das mães por estarem distantes do lar e, muitas vezes, dos outros filhos, criando um suporte para lidar com as complexas questões do adoecimento e do internamento, que inevitavelmente envolvem não somente o paciente, mas também a mãe e a família como um todo.
O serviço de Psicologia do Hospital Regional Norte (HRN), em Sobral, atua integrado junto à equipe multiprofissional nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), Unidade de Cuidados Especiais (UCE), Pediatria, Neonatologia, Clínicas Cirúrgicas e Médicas, Unidades de Acidente Vascular Cerebral (AVCs), Clínica Obstétrica e no atendimento psicológico a colaboradores.
O HRC realiza rodas terapêuticas com pacientes
Há ainda o atendimento por interconsulta nas emergências adulto e pediátrica. Além dos atendimentos individuais, o serviço também atua com rodas terapêuticas com pacientes das clínicas médicas e UCE, além de rodas de conversa com a equipe e com os acompanhantes.
“O serviço de Psicologia atua de modo a auxiliar os pacientes e seus familiares no enfrentamento da hospitalização, visando minimizar o sofrimento causado pelo processo de adoecimento e prevenindo a evolução de demandas psicológicas relacionadas”, ressalta a psicóloga Izabella Carvalho.
No Hospital São José (HSJ), o Núcleo de Psicologia é formado, atualmente, por seis profissionais e quatro residentes que atuam no ambulatório, nas unidades de internação e, ainda, no Serviço Especializado de Cuidados Paliativos. O perfil de paciente atendido no hospital inclui, sobretudo, pessoas que vivem com HIV/AIDS.
De acordo com a coordenadora de Psicologia do HSJ, Gisele Dutra, o papel do psicólogo como componente da equipe multiprofissional ambulatorial é o de realizar o aconselhamento antes e após o teste diagnóstico da doença e atendimento psicológico especializado, conforme preconizado pela Legislação Nacional de HIV/AIDS. “A Psicologia vai se colocar como apoio na travessia e ofertar uma escuta relacionada ao sofrimento psíquico. No ambulatório, a atuação é tanto nesse lado como no acompanhamento de pacientes que têm diagnóstico de HIV e outras doenças que possam causar algum sofrimento”, explica.
O psicólogo Luís Pereira atua na unidade F do HSJ, unidade semi-intensiva onde são acolhidos pacientes críticos crônicos, que necessitam de cuidados intensivos por período mais prolongado. Segundo ele, a demanda no espaço vem, principalmente, de familiares dos pacientes internados. “Eu dou esse auxílio em algumas notícias que são mais difíceis, como agravamento de quadro clínico. A gente está lá junto ao familiar e médico no momento de dar essa notícia. Percebo que essa atuação é muito rica nesse sentido, porque sempre tem familiar que vem visitar e tem essas demandas”, relata.
A equipe do HM também atua na promoção de ações psicoeducativas para os profissionais que atuam na unidade
No Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes (HM), o serviço de Psicologia atua na promoção, na prevenção, no tratamento e na reabilitação da saúde de pacientes com doenças cardíacas e pulmonares, nas diferentes faixas etárias, contribuindo para o nível de saúde mental, a aderência ao tratamento e a qualidade de vida dessa população. As ações dos profissionais incluem atendimento clínico ambulatorial, visitas junto ao leito, identificação e abordagem de casos críticos e avaliações psicológicas que se estendem também aos cuidadores.
A equipe, composta atualmente por 22 profissionais, também atua na promoção de ações psicoeducativas para os profissionais que atuam na unidade, embasando a atuação no tripé: paciente, família e equipe multidisciplinar.
Por ser um hospital-escola, o HM recebe a cada semestre, estagiários de diversas instituições de ensino e residentes multiprofissionais do Programa de Residência Integrada em Saúde, da Escola de Saúde Pública do Ceará Paulo Marcelo Martins Rodrigues (ESP/CE), contribuindo assim, para a consolidação da carreira na saúde pública e para o fortalecimento do Sistema Único de Saúde.
No HRVJ, psicólogos podem realizar atendimentos individuais com o paciente e acompanhantes
No Hospital Regional Vale do Jaguaribe (HRVJ) há o serviço de Psiquiatria, inaugurado em 22 de setembro de 2022. Novidade em uma unidade de saúde do Interior, a Clínica Psiquiátrica assiste diversos pacientes da região. O papel do psicólogo no setor da clínica psiquiátrica é imprescindível, já que a unidade recebe pacientes com os mais diversos diagnósticos psiquiátricos, como esquizofrenia, transtorno depressivo maior, transtorno afetivo bipolar, dentre outros.
“Na rotina de atuação, o psicólogo pode realizar atendimentos individuais com o paciente e acompanhantes, bem como grupos psicoterapêuticos com o objetivo de propiciar suporte emocional, auxiliar no processo de estabilização do quadro e facilitar reflexões acerca da desospitalização”, explica a psicóloga Aline Franco. Duas vezes na semana é realizada a discussão de caso multiprofissional, onde cada membro da equipe pode expor sua visão sobre o caso e planejar em conjunto o plano terapêutico.
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