A primeira turma do curso de Medicina da Unicentro chegou, nesse ano letivo de 2023, ao quinto ano de formação. Com isso, teve início uma etapa indispensável na formação médica: o internato. É nesse momento que a prática profissional e o treinamento supervisionado ganham mais espaço na vida dos futuros médicos.
O chefe do Departamento de Medicina da Unicentro, professor David Figueiredo, explica que é através desse estágio – realizado nos dois últimos anos de graduação – que o acadêmico vivencia a rotina hospitalar em ambientes de atenção à saúde primária, secundária e terciária.
“O internato é prática em serviço, aprendizado em serviço. São dois anos, quatro semestres, de serviço. É uma carga horária alta – 38 horas semanais –e são cinco grande áreas: Cirurgia, Ginecologia e Obstetrícia, Pediatria, Clínica Médica e Saúde Mental e Saúde da Família. Eles conseguem circular, desde a atenção primária – que são os casos menos complexos – até a atenção terciária”, detalha.
Para viabilizar as atividades de internato, a Unicentro firmou convênios de cooperação com hospitais de Guarapuava, e também de Irati, onde são realizadas os estágios em Cirurgia e em Ginecologia e Obstetrícia, e de Pitanga, para as atividades na área de Saúde Mental e Saúde da Família.
Segundo Figueiredo, esses dois acordos foram fundamentais para o êxito do internato e para atender a demanda de estágio dos 38 acadêmicos. “Tem sido uma experiência muito rica. Eles estão muito felizes pelo carinho com que foram recebidos, pelo volume de serviço e pela oportunidade, realmente, de colocar a mão na massa. A Santa Casa foi tão cordial que ofereceu a eles café da manhã, almoço e jantar. No caso de Pitanga, também estamos muito satisfeitos. Nesse convênio, a própria prefeitura organiza os deslocamento”, destaca o professor.
Thaisla Harumi Borges Furuyama e Tiago Arse Ramalho foram os primeiros alunos recebidos pela Santa Casa de Irati no internato em Cirurgia. A dupla acompanha os procedimentos cirúrgicos e os atendimentos no pronto-socorro, na UTI e na enfermaria do hospital.
“A gente teve bastante aprendizado prático de alguns procedimentos, como fazer coisas básicas de sondagem, intubação, etc. O pessoal foi muito receptivo, muito paciencioso com a gente. Foi uma experiência muito legal, mesmo”, comenta Ramalho.
Durante o internato, os grupos de alunos têm sete semanas para experienciar cada uma das cinco áreas de atuação. Thaisla enfatiza que esse rodízio ajuda na definição do ramo em que pretendem atuar futuramente. “Acho que o importante é a gente chegar no internato e ficar bem aberto para todas oportunidades, ver e pegar um pouquinho de cada área”, avalia.
Os alunos Alisson Ferraz e Eduarda Dal Pisol Schwab iniciaram o primeiro rodízio em Ginecologia e Obstetrícia. Eles acompanharam os médicos plantonistas na Maternidade da Santa Casa de Irati. “Eles estão muito abertos para ensinar tudo do dia a dia deles. Estão perguntando o que a gente já teve e o que a gente não viu, e estão dispostos a ensinar todas as partes que a gente não sabe. Então, isso é muito legal”, ressalta Alisson.
O médico Ladislao Obrzut Neto, que é provedor da Santa Casa de Irati, conta que essa é a primeira vez que a instituição recebe alunos de internato. Ele enfatiza que a presença dos estudantes no hospital tem sido benéfica para ambas as partes, pois proporciona um aprendizado mútuo. “Ele [o aluno] vem para somar, fazendo com que o profissional tenha a necessidade de estar se aprimorando, porque ele terá que explicar para o aluno o que ele está fazendo. Essa é a primeira vantagem, é fazer com que a qualidade técnica cresça”, pontua.
Já em Pitanga, os alunos têm atuado em Unidades Básicas de Saúde – dois deles no posto de Estratégia de Saúde da Família (ESF) Maristela e outra dupla no Postão, como é conhecido o posto de saúde localizado na região central do município.
A coordenadora de atenção primária da Secretaria de Saúde de Pitanga, Rejane de Genova, explica que as unidades foram escolhidas pela possibilidade diversa de aprendizado. Enquanto o Postão é uma unidade mista, com atendimento básico e de emergência, a ESF Maristela está localizada em uma das áreas de maior vulnerabilidade do município.
“A gente considera as considera ricas em aprendizagem devido a algumas doenças emergentes que nós temos no território. Eles estão auxiliando os preceptores, que são os médicos aqui das unidades, em procedimentos, suturas, lavagens de ouvido, ataduras gessadas, leituras de eletrocardiogramas, atuam também na parte de observação clínica”, relata a coordenadora.
Os estudantes Lucas Packer Arthur e Letícia Marina da Silva fizeram parte do primeiro grupo de alunos a estagiar em Pitanga. Eles passaram duas semanas no município, uma em cada unidade. Para ele, o contato com a população rural e com o SUS trouxe grandes aprendizados nesse curto período.
“É uma cidade pequena, com grande parte da população de zona rural. Então, temos que estar sempre atentos às prioridades da população. A gente vê muita picada de cobra, pessoas que se machucam, traumas com madeira. A gente sempre tem que estar lidando com essas condutas e aprendendo”, afirma.
Letícia ainda ressalta a oportunidade de acompanhar e aprender com a rotina dos profissionais da saúde. “Estamos tendo contato com várias coisas que acontecem dentro da UBS, com os pacientes, com o manejo dos casos. O preceptor, no final do dia ou entre uma consulta e outra, discute os casos com a gente, traz à tona alguns conceitos importantes. Então, ajuda a fixar bem o conteúdo”, conta a acadêmica.
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