Saúde Ceará
Dia de Combate à Cefaleia: “Enxaqueca não é sintoma, é doença”, alerta neurologista do HGF
  GF é referência no Norte e Nordeste em tratamento de doenças neurológicas Há quase um ano sem frequentar emergências por crises de dor de ca...
16/05/2023 14h30
Por: Redação Fonte: Secom Ceará
Foto: Reprodução/Secom Ceará

GF é referência no Norte e Nordeste em tratamento de doenças neurológicas

Há quase um ano sem frequentar emergências por crises de dor de cabeça, a dona de casa Bruna Kelly Silva, de 29 anos, comemora os resultados positivos do tratamento no Ambulatório de Cefaleia do Hospital Geral de Fortaleza (HGF), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa). A jovem sofre de enxaqueca, um dos tipos mais comuns de cefaleia e que acomete cerca de 15% da população mundial, de acordo com estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS).

“A enxaqueca faz parte da classificação das cefaleias primárias, sendo o padrão de dores de cabeça que independe de outras doenças ou lesões para se manifestar”, explica o neurologista do HGF, Mário Hermes. “Ou seja, não é um sintoma, é uma doença e precisa ser tratada”, reforça.

Considerada uma das condições patológicas comuns de maior potencial incapacitante, a enfermidade pode se manifestar de forma episódica ou crônica. “A enxaqueca se expressa por meio de uma dor unilateral alternante, pulsante e com duração entre quatro e 72 horas. Se a frequência é de 15 vezes ou mais por mês, durante três meses seguidos, então podemos dizer que é uma enxaqueca crônica”, elucida Hermes.

Foto: Reprodução/Secom Ceará

O Ambulatório de Cefaleia do HGF atende, mensalmente, cerca de 120 pacientes

Para Bruna Kelly, o cotidiano de dores começou há quase dez anos. “Fui parar na UPA [Unidade de Pronto Atendimento] com uma dor muito forte. Não aguentava nem ficar em pé. Depois disso, comecei a sentir quase todos os dias”, relata a dona de casa.

A enxaqueca crônica da paciente foi diagnosticada no HGF meses depois, após encaminhamento de um posto de saúde de Fortaleza. “Era muito estressante porque eu não conseguia fazer minhas coisas, cuidar dos meus filhos. Tinha que ficar deitada e me isolar até melhorar”, lembra.

De acordo com Hermes, apesar de não haver um estudo definitivo que aponte a causa da enxaqueca, pode-se afirmar que fatores genéticos influenciam diretamente na predisposição à doença. “É como se o paciente tivesse um botão para produzir a dor e o que aciona esse botão são comportamentos prejudiciais, como uma noite mal dormida, uma alimentação inadequada, um alto nível de estresse, entre outros”, pontua. “Ou seja, podemos dizer que um estilo de vida saudável e regrado pode ajudar a prevenir crises da doença”, completa.

No que não depende do paciente, existem diversos medicamentos para tratar as crises e estabilizar o problema. “O cérebro é o órgão mais complexo que temos. Ele é todo blindado, por isso, é sempre desafiador o tratamento de doenças neurológicas”, ressalta o especialista do HGF.

Para enxaqueca, existem padrões definidos pela Classificação Internacional de Cefaleias (ICHD-3), de acordo com a frequência das crises e a resposta do paciente. “Mesmo que a medicação mostre benefício logo de início, nós precisamos mantê-la por, pelo menos, um ano para avaliar a longo prazo”, acrescenta o neurologista.

Foto: Reprodução/Secom Ceará

Outra terapia, também disponibilizada pelo Ambulatório de Cefaleia do HGF, é o bloqueio de nervos cranianos por meio da aplicação de lidocaína injetável. A substância alivia a dor por meio da interrupção da via sensitiva que leva a informação ao cérebro. O efeito dura entre quatro e seis semanas. “É um arsenal terapêutico muito eficaz, por exemplo, para pacientes gestantes, que não podem utilizar medicamento oral com muita frequência”, ressalta o profissional.

O uso do injetável, aliado à medicação prescrita pelo médico, é também uma maneira de evitar o uso excessivo de analgésicos. De acordo com Mário Hermes, o uso dessas medicações se torna nocivo quando são ingeridas mais de 15 vezes por mês por mais de três meses seguidos.

“Toda medicação tem efeitos colaterais, sejam gástricos, hepáticos, renais. Mas, quando tratamos de analgésicos para cefaleia, eles também atuam na resistência de dores de cabeça primárias. Ou seja, o paciente não percebe, mas está apenas potencializando suas dores. Por isso a importância de buscar ajuda, para encontrar o tratamento medicamentoso adequado”, explica.

“Houve mês em que, por conta das dores, eu tomava dipirona diariamente”, confessa Bruna Kelly. “Depois do tratamento, tomo meus remédios prescritos contínuos e, dificilmente, preciso usar analgésico. Minhas dores de cabeça estão muito mais amenas, o que melhorou meu humor e até meu sono”, comemora a jovem.

Dia Nacional de Combate à Cefaleia

Nesta sexta-feira (19), é celebrado o Dia Nacional de Combate à Cefaleia, uma data dedicada à conscientização sobre os diferentes tipos de dores de cabeça, assim como suas causas, sintomas e tratamentos. Apesar da nomenclatura em comum, são mais de 200 cefaleias registradas na Classificação Internacional de Cefaleias (ICHD-3).

No HGF, o Serviço de Neurologia conta com o Ambulatório de Cefaleia, que atende uma média mensal de 120 pacientes com dores de cabeça complexas, encaminhados de postos de saúde por meio da Central de Regulação da Sesa. Além do acompanhamento médico especializado, as pessoas atendidas contam com dispensa de medicação, aplicação de injetáveis e realização de exames como tomografia e ressonância magnética.