Kátia Moura é assistente social da UPA José Walter e mãe do Davi, de 16 anos
“Vivi nove meses de uma só vez no minuto em que segurei o bebê”, é assim que Kátia Moura descreve a sensação que teve ao colocar o pequeno Davi nos braços, quando ele tinha apenas três dias de vida. Davi não nasceu da barriga de Kátia, mas isso não fez a menor diferença na conexão entre mãe e filho ao se olharem pela primeira vez. A assistente social trabalha na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) José Walter, equipamento da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) gerido pelo Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH).
Kátia sempre teve o desejo de ser mãe, mas o marido não podia ter filhos. Então, o casal desde os tempos de namoro, decidiu que iria adotar uma criança. Ela fez o Cadastro Nacional de Adoção e entrou na fila de espera, mas a chegada de Davi veio de forma inesperada e surpreendente. “Parece coisa de filme ou novela”, comenta.
“É preciso ouvir, ser transparente, respeitar a história e o espaço dele, aprender a lidar com as dificuldades e, principalmente, a amar”, comenta Kátia
Em uma determinada tarde do mês de março, em 2007, Kátia estava no salão de beleza, quando recebeu um telefonema sobre um bebê a ser entregue para adoção. “Fui à Vara da Infância e da Juventude, o processo anterior foi cancelado e iniciado um novo. Consegui a guarda provisória em junho e a definitiva em novembro do mesmo ano, uma grande vitória”, relata. “Ninguém deve começar uma relação, seja ela qual for, de forma errada. Por isso, procurei todos os meios possíveis para fazer tudo legalmente”, acrescenta.
Quando tinha aproximadamente entre seis e sete anos de idade, Davi viu o álbum de fotos da família e, como toda criança nessa idade, era curioso. Perguntou à mãe por que não havia fotos dela grávida. “Expliquei que ele não veio da barriga, mas do coração. Ele aceitou, mas, posteriormente, em uma aula de Ciências, ele aprendeu que os bebês nascem da barriga e questionou de novo. Então, expliquei toda a história”, conta Kátia.
No início, o menino não entendeu bem por que não nasceu da mesma forma que os colegas da escola e teve uma reação difícil. Porém, com muita paciência, amor e compreensão, Kátia deu um conselho: “Você ainda é criança e, quando estiver maior, vai entender e decidir o que fazer”. E foi exatamente o que aconteceu. Hoje, aos 16 anos, Davi é bem resolvido nas questões familiares, muito amado por todos ao seu redor e reconhece isso.
“Ter um filho, seja biológico ou não, é para toda a vida. Muitas vezes, nós idealizamos que ele seja perfeito, mas ele é um ser humano como nós, com altos e baixos. É preciso ouvir, ser transparente, respeitar a história e o espaço dele, aprender a lidar com as dificuldades e, principalmente, a amar. Cada momento é uma experiência única”, afirma.
A técnica de Enfermagem, Raimunda Frota de Araújo, conhecida como “Mãezinha”, trabalha há 15 anos no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu 192) Ceará. Ela é mãe de Flávio Augusto, filho que criou sozinha, desde que ele tinha 12 anos.
Raimunda foi uma das homenageadas nas comemorações dos 15 anos do Samu 192 Ceará e se considera mãe dos colegas de trabalho
Mas Raimunda também é “mãe” dos seus colegas de profissão, como ela mesma diz. “Eu me considero uma mãe de todos os colaboradores do Samu Ceará”, comenta.
Com muita dedicação, ela desenvolve suas atividades diariamente com cuidado e amor. “Eu adoro meu trabalho. Nesses 15 anos, não tenho do que reclamar. Tenho muita consideração por esses profissionais e sinto que eles também têm comigo”, declara.
No dia 31 de janeiro de 2023, Raimunda foi uma das homenageadas nas comemorações dos 15 anos do Samu 192 Ceará. “Aquele momento ainda hoje me toca. Sou muito grata por tudo”, ressalta.
Para a técnica de Enfermagem, “ser mãe é ter mais paciência com o filho, dar mais amor, conversar e também sempre dar conselhos”.