Saúde Ceará
Dia Mundial do Lúpus: HGF é referência no tratamento da doença no Ceará
Cerca de 200 pacientes com lúpus são atendidos mensalmente no Hospital Geral de Fortaleza “Eu tenho lúpus, mas o lúpus não me tem”. Esse é o lema d...
06/05/2023 10h10
Por: Redação Fonte: Secom Ceará
Foto: Reprodução/Secom Ceará

Cerca de 200 pacientes com lúpus são atendidos mensalmente no Hospital Geral de Fortaleza

“Eu tenho lúpus, mas o lúpus não me tem”. Esse é o lema de Aldiane Pereira, de 21 anos, para os dias mais difíceis, quando o lúpus eritematoso sistêmico (LES) entra em atividade. A estudante, que manifestou os primeiros sintomas ainda criança, recebeu o diagnóstico aos 12. Desde então, já são quase dez anos de acompanhamento no Hospital Geral de Fortaleza (HGF), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) referência estadual no tratamento da enfermidade.

“O lúpus é uma doença reumática crônica não-contagiosa de origem autoimune, na qual o sistema imunológico passa a atacar as proteínas do próprio organismo. O resultado são inflamações que podem surgir em qualquer órgão do corpo, a depender da intensidade do acometimento”, explica o reumatologista do HGF, André Xenofonte.

O sintoma mais comum, ressalta o especialista, são as lesões de pele. “Ocorrem em cerca de 80% dos pacientes ao longo da evolução da doença. São manchas avermelhadas que aparecem, geralmente, nas áreas com maior exposição ao sol, como rosto, colo e braços”, destaca.

Apesar de se manifestar de forma plural, de acordo com o indivíduo e a intensidade do lúpus, alguns outros sinais comuns são apontados por Xenofonte, como cansaço, fraqueza, febre, emagrecimento, perda de apetite e queda de cabelo. Nos casos mais avançados, o problema pode afetar órgãos internos, como rins, pulmões e até o coração.

Foto: Reprodução/Secom Ceará

“Estamos lutando, seguindo o tratamento para estabilizar os rins e deixar o lúpus novamente em remissão”, compartilha Aldiane

“Quando fui diagnosticada, sofri muito com dores nas articulações, queda de cabelo e falta de apetite. Cheguei a perder 10kg em uma semana”, relata Aldiane. Hoje, com os sintomas mais estáveis, o desafio tem sido tratar uma nefrite lúpica (infecção renal causada pela doença). “Estamos lutando, seguindo o tratamento para estabilizar os rins e deixar o lúpus novamente em remissão”, compartilha.

Mas deixar-se abater não faz parte dos planos da jovem. Mesmo já tendo que desistir de alguns trabalhos por conta do lúpus, Aldiane decidiu ingressar no curso de Enfermagem. A escolha, conta, foi quase uma missão: “quero, futuramente, levar conforto e amor para pessoas com lúpus ou com doenças semelhantes, por meio dos cuidados de Enfermagem”, enfatiza.

Origem

Embora a causa não seja conhecida, sabe-se que fatores genéticos, hormonais e ambientais influenciam no desenvolvimento do LES. “Pessoas que nascem com susceptibilidade genética para a doença, após uma interação com fatores ambientais como infecção viral e irradiação solar, podem passar a apresentar essas alterações imunológicas. Por isso, as manifestações dos sinais costumam ser mais específicas e pessoais”, explica o reumatologista do HGF.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Reumatologia (SRB), a maioria dos casos de lúpus ocorre em mulheres em idade fértil, com pico de incidência entre 20 e 40 anos de idade. Estima-se que a proporção possa chegar a nove mulheres para cada homem afetado.

Tratamento

Apesar de não ter cura, o lúpus tem tratamento efetivo e o paciente pode levar uma vida normal, afirma André. “Além da medicação, existe uma série de cuidados que orientamos: alimentação saudável, evitando gorduras e álcool, atividade física frequente, repouso adequado e muita atenção às medidas de higiene para evitar o risco de infecções”, pontua. “Outra atitude que deve ser tomada é a suspensão do uso de cigarro, condição altamente relacionada à piora dos sintomas”, acrescenta o especialista.

Foto: Reprodução/Secom Ceará

Estima-se que a proporção de pacientes com lúpus possa chegar a nove mulheres para cada homem

Também citada pelo médico como um dos principais cuidados no controle da doença é a atenção à exposição ao sol e o uso do protetor solar. “Não apenas aos que possuem manchas na pele. Todo paciente de lúpus deve evitar a luz do sol diretamente na pele, pois, além de provocar lesões cutâneas, os raios ultravioletas podem contribuir com inflamações em órgãos internos e agravar todo o estado de saúde”, alerta.

Referência estadual

Referência em todo o Ceará no tratamento de pacientes com a doença, o HGF possui ambulatório com acompanhamento reumatológico e multiprofissional. Mensalmente, são cerca de 200 pessoas assistidas na unidade. Casos mais graves são atendidos na Emergência, que funciona 24h de portas abertas.

Dia Mundial do Lúpus

O Dia Mundial do Lúpus, comemorado em 10 de maio, tem como objetivo promover maior compreensão sobre a doença, afastar preconceitos, dar apoio à população afetada e garantir maior conscientização sobre a importância do compromisso com o tratamento. A data foi estabelecida pela Federação Internacional de Lúpus (ILF).