Infectologistas atuam no controle de pandemias, no desenvolvimento de vacinas e na prevenção de infecções hospitalares; HSJ é referência no atendimento a doenças infectocontagiosas
O Dia do Infectologista, comemorado em 11 de abril, homenageia os profissionais atuantes no combate a enfermidades causadas por vírus, bactérias, fungos e outros microrganismos. Ao longo da História, esses especialistas têm sido essenciais no controle de epidemias e pandemias, no tratamento de pacientes com HIV/aids e outras doenças infectocontagiosas, no desenvolvimento de vacinas e na prevenção de infecções hospitalares.
A Infectologia é a principal especialidade do Hospital São José (HSJ), vinculado à Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa). A unidade é referência no tratamento de doenças como arboviroses, infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), tuberculose, meningites e covid-19. O equipamento possui ambulatórios especializados e Emergência 24 horas.
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Entre os principais desafios enfrentados pelo médico infectologista está o combate ao preconceito a doenças estigmatizadas na sociedade. Após mais de 40 anos do primeiro caso de HIV, a falta de informação sobre o vírus e a discriminação contra a pessoa positiva, por exemplo, ainda persistem.
Érico Arruda, infectologista do HSJ, avalia que o risco de infecção pelo HIV está relacionado a uma parcela muito maior da população do que àqueles que, no passado, foram identificados como “grupos de risco”. “Basta uma relação sexual desprotegida”, argumenta. “Esse profissional enfrentou esse desafio, conviveu com essas pessoas dentro das suas dores e sofrimentos e percebeu que esse risco não se restringia a um comportamento de um grupo de pessoas”, afirma.
Algumas das enfermidades tratadas pelo infectologista também são atravessadas por questões socioeconômicas. A transmissão da tuberculose, por exemplo, é associada à falta de condições básicas de moradia, uma vez que pessoas aglomeradas em espaços pequenos e pouco ventilados estão mais suscetíveis a contrair a doença.
Para Terezinha do Menino Jesus, infectologista doAmbulatório de Tuberculose do HSJ, é preciso que o médico dessa especialidade tenha conhecimento dos fatores associados à ocorrência da infecção. “Qualquer pessoa pode ser acometida por tuberculose. Mesmo a gente pensando naquela pessoa que mora na favela, essa pessoa trabalha onde? Trabalha na casa de alguém de nível socioeconômico maior e pode levar a doença para ela. É preciso controlar do ponto de vista comunitário, para que todos estejam protegidos”, ressalta.
Durante a pandemia da covid-19 não foi diferente. Esses desafios, segundo Lisandra Damasceno, infectologista do HSJ, foram potencializados pela falta de informação sobre a doença, cujas formas de transmissão e prevenção ainda não eram conhecidas. “Essa população mais vulnerável não teve muita oportunidade de se proteger, pois teve de trabalhar sendo mais exposta ao vírus do que indivíduos com condições de desenvolver suas atividades em casa”, pontua.
Damasceno destaca que, no cenário pandêmico, o infectologista precisa estar extremamente atuante não só na assistência a pessoas acometidas pelo coronavírus, mas também na educação continuada dentro das instituições de saúde e na pesquisa científica, contribuindo com descobertas em relação a mecanismos de prevenção eficazes da doença. “Graças à Ciência, a gente conseguiu ter um imunizante que pudesse reverter todo esse cenário trágico causado pela pandemia”, enfatiza.
Iniciativa da Escola de Saúde Pública do Ceará Paulo Marcelo Martins Rodrigues (ESP/CE), o Programa de Residência Médica (PRM) do Hospital São José já formou, de 1988 a 2023, mais de 80 infectologistas. O programa tem parceria com instituições como os hospitais Geral de Fortaleza (HGF), de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart (HM), Geral Dr. Waldemar Alcântara (HGWA), além do Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen) – todas vinculadas à Rede Sesa.
Para a infectologista Lara Távora, a empatia é fundamental no exercício da profissão
De acordo com Lara Távora, infectologista e coordenadora da Residência Médica do HSJ, a Residência Médica em Infectologia inclui treinamento nas Comissões de Controle de Infecção Hospitalar e em gestão hospitalar, dentre outras atividades.
A médica salienta que a empatia também perpassa o treinamento dos residentes, visto que infectologistas costumam lidar com doenças que acometem pessoas em situação de vulnerabilidade social. “Faz parte do dia a dia deles essa atitude empática, de derrubar preconceitos e discriminações. É quase um sacrilégio, aqui dentro desse hospital, você ser preconceituoso ou discriminar alguém por qualquer que seja o motivo, e eles vivenciam muito isso”.