Maria Lindomar Firmino e Silva, de 60 anos, havia perdido 60% da audição em decorrência de otosclerose, doença de origem genética
O Hospital Estadual Leonardo Da Vinci (Helv), vinculado à Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), realizou, pela primeira vez, uma estapedotamia. Feito de forma endoscópica (por vídeo), o procedimento cirúrgico consiste na substituição do osso estribo por uma pequena prótese de Teflon.
Maria Lindomar Firmino e Silva, de 60 anos, é a paciente beneficiada com a técnica no equipamento administrado pelo Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH). Natural de Jaguaretama, a 101 km de Fortaleza, a agricultora já havia perdido 60% da audição.
“Só escutava se falassem ao ‘pé do meu ouvido’”, relembra. Aos poucos, ela retoma a audição. Um dos sons que voltou a perceber foi o dos passos do marido. “Eu não sabia se ele estava em casa, por exemplo”.
Lindomar ainda vai realizar exames de impedanciometria e de audiometria para avaliar os resultados do procedimento. Os testes estão previstos para daqui a três meses.
A coordenadora do serviço de Otorrinolaringologia do Helv, Débora Lima, explica que a estapedotomia é uma microcirurgia realizada para tratar a perda auditiva causada por otosclerose – ou otospongiose. A doença, de origem genética, deriva de um distúrbio no metabolismo do flúor/cálcio, sendo prevalente em mulheres jovens em idade reprodutiva e podendo afetar um ou dois órgãos.
“Nosso ouvido possui três ossículos: o martelo, a bigorna e o estribo, este considerado o menor osso do corpo humano. Quando há um problema com essa cadeia ossicular, uma rigidez, uma fixação de causa hereditária e até degenerativa, chamamos de otosclerose”, detalha a médica.
A inserção da prótese na estapedotomia, portanto, busca qualificar a condução do som no aparelho auditivo. “A gente sabe que a perda de audição é uma das coisas que mais contribuem para o isolamento social, para a evolução de demências e de depressão. Essa cirurgia é um benefício para essa paciente, que pode recuperar totalmente ou parcialmente a audição, evitando, inclusive, o uso de prótese externa”, avalia Débora Lima.