Incentivar a melhoria de renda, a autonomia, empoderamento e a saúde de agricultoras são os objetivos de um projeto extensão da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), que reuniu ao longo de 2022 cerca de 90 mulheres de Rebouças, Inácio Martins, Teixeira Soares e Irati, todos na área de abrangência da universidade. Elas participaram de oficinas sobre manuseio e processamento das plantas medicinais, realizadas em Irati.
O projeto foi financiado pelo Governo do Estado, por meio do programa Universidade Sem Fronteiras (USF) vinculado a Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti). As participantes aprenderam sobre espécies e como cultivá-las.
Terezinha de Lima dos Santos, da comunidade Arroio Grande de Irati, é agricultora e cedeu a sua propriedade para a realização das oficinas. A agricultora já tinha algum conhecimento sobre o uso das ervas medicinais e com o projeto aprendeu ainda mais. “Fiz o reconhecimento de ervas que eu não conhecia, fizemos pomadas e extratos. Foi bem importante para mim e para as outras mulheres”, afirma. Ela pretende expandir o plantio das plantas e envolver mais mulheres nas atividades.
Participaram da iniciativa quatro professores, sendo três da Unicentro e um do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná (IFPR) - Campus Irati; quatro estudantes de graduação e uma engenheira agrônoma. O projeto envolveu os cursos de Geografia e Psicologia da Unicentro e o curso de Agronomia do IFPR.
A professora do Departamento de Psicologia da Unicentro, Cláudia Regina Magnabosco Martins, explica os benefícios que a ação trouxe para a comunidade. “Foi importante para o reconhecimento e valorização das mulheres e do conhecimento que elas possuem. Elas podem utilizar essa expertise para cuidar da saúde e há a possibilidade de geração de renda”, completa.
Usadas desde a antiguidade, as plantas medicinais são conhecidas pela ação farmacológica, desempenhando um papel importante na cura e tratamento de algumas doenças. Nas oficinas, os professores também apresentaram técnicas de produção de tinturas, pomadas, produtos cosméticos (sabonetes e desodorantes) e óleos essenciais.
A iniciativa surgiu a partir de demandas das comunidades sobre a relação entre plantas medicinais e sua utilidade de acordo com o costume popular. A Organização Mundial de Saúde (OMS) revela que 85% das pessoas do mundo utilizam plantas medicinais para tratar doenças.
O Paraná é considerado maior produtor nacional de plantas medicinais, segundo os dados do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento. São cerca de 6 mil hectares da área ocupada com espécies medicinais, condimentares e aromáticas, que rendem produção anual média de 18,6 mil toneladas e receita de R$ 88,5 milhões. A natureza proporciona uma infinidade de plantas com valores medicinais.
SEM FRONTEIRA– O programa Universidade sem Fronteira valoriza as ações da extensão, articulada ao ensino e à pesquisa, a capacitação e a produção tecnológica, cultural e o desenvolvimento social voltados para a inovação e a melhoria da qualidade de vida da população paranaense. A expectativa é dar continuidade ao projeto, oferecer as oficinas para mais mulheres e expandir as atividades com a comunidade.