Cerca de 150 operadores de colhetadeiras participam neste ano do 16º Concurso Regional de Qualidade na Colheita de Soja, que acontece em 18 municípios da região de Maringá, no Noroeste do Paraná. No concurso, os operadores das máquinas são acompanhados por extensionistas do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná-Iapar-Emater (IDR-Paraná) durante a colheita e instruídos sobre como evitar ou diminuir as perdas. Ganham os que apresentarem melhor desempenho.
Realizado desde os anos 90, o trabalho contribui para uma produção sustentável, com ganho para as famílias rurais e para a economia do Estado. "A ação do IDR-Paraná mostra que basta que sejam adotadas práticas como a revisão, regulagem e manutenção das colheitadeiras, combinadas com o empenho dos operadores, para obter os resultados desejados", explica Pedro Cecere Filho, gerente regional do Instituto em Maringá.
Após o concurso da safra 2019/2020, a avaliação foi interrompida pela pandemia e retomada nesta safra. "A premiação, que neste ano ocorrerá em junho ou julho, é uma forma de reconhecer os operadores de máquinas que foram mais eficientes no seu trabalho", diz Cecere Filho. Além de profissionais do IDR-PR, participam das equipes que avaliam o trabalho dos operadores universitários da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Unicesumar e Uningá, profissionais das prefeituras, sindicatos, cooperativas e empresas privadas do setor.
RESULTADOS– Os dados da safra 2019/2020 confirmam os benefícios do acompanhamento dos operadores. Naquele ano o trabalho envolveu 200 colheitadeiras, em 20 municípios da região de Maringá. As máquinas foram avaliadas conforme a metodologia desenvolvida pela Embrapa-Soja, seguindo o protocolo técnico do MIC-Soja (Monitoramento Integrado de Colheita da Soja).
Dados da Embrapa mostram que o desperdício médio no Paraná, na safra 2018/2019, chegou a 1,17 sacas/por hectare. A média de desperdício dos participantes do concurso da safra 2019/2020 ficou em 0,45 sacas/ha, uma diferença de 0,72 sacas/ha. Multiplicando pelos 50 mil hectares cultivados pelos participantes do concurso, houve uma economia de 36 mil sacas de soja, causando um impacto financeiro em torno de R$ 3,6 milhões para região (preço médio da saca de soja de R$ 100).
O Paraná cultiva em torno 5,5 milhões de hectares de soja. De acordo com o gerente regional, se todos os produtores tivessem o mesmo desempenho dos participantes do concurso, seriam colhidas 3,8 milhões sacas a mais. Esse volume significaria um acréscimo de R$ 388,8 milhões para a economia do Estado.
No Brasil, onde são cultivados em torno de 62,4 milhões de hectares de soja e o desperdício médio é de 2,0 sacas/ha, a economia seria de R$ 9,6 bilhões, relativos a 96,72 milhões de sacas que não ficariam no campo. Os números alcançados pelo concurso reafirmam a vanguarda da região de Maringá no cenário nacional na prevenção e controle de desperdícios na colheita da soja.
HISTÓRIA– As primeiras avaliações de colheitadeiras no município de Maringá foram feitas pelo IDR-Paraná na safra 1995/1996. A edição inaugural do concurso municipal de redução de perdas da colheita da soja contou com a participação de 22 operadores de colheitadeiras.
Nos oito anos seguintes, a avaliação envolveu apenas produtores do município. Na safra 2003/2004, o concurso foi ampliado para outros municípios e passou a ser regional. Na safra 2018/2019 passou a se chamar Concurso de Qualidade na Colheita de Soja, para reforçar a importância das boas práticas agrícolas adotadas pelos agricultores.
Na primeira versão regional houve a maior participação de produtores com 334 máquinas avaliadas. Entre os vencedores do concurso a menor perda (0,06 sacas/ha) foi verificada nas safras 2004/2005 e 2014/2015 e a maior (0,13 saca/ha) nas safras 2013/2014 e 2019/2020.