Frequentei um grupo de Pathwork e ali muitos estalos foram me ocorrendo. Foi a partir dali também que passei a me interessar mais em filosofia e estudos sobre autoconhecimento. O Pathwork, que significa literalmente “caminho”, tornou-se uma ferramenta para evolução pessoal onde foi possível realizar trocas de experiências com diversas pessoas. Neste final de semana, tive a oportunidade de participar de sessões em grupo de Respiração Holotrópica, uma técnica terapêutica desenvolvida pelo psiquiatra Stanislav Grof. Há muita força nas terapias em grupo, muito valor nas técnicas de respiração e foi por essas vivências que me veio a ideia de escrever este texto.
As Máscaras! Todos devem saber a definição dessa palavra. Peça que cobre parcial ou totalmente o rosto para ocultar a própria identidade. Ou, um significado mais em voga da saúde pública, equipamento de proteção individual contra vírus. Mas aqui gostaria de me ater à primeira definição.
Já sentiu que não raramente precisa vestir uma forma para se encaixar nas convenções sociais? E que essa forma não é você, mas insiste em se reafirmar nessa peça que é a vida? E que essa sociedade está doente, de modo que você usa uma roupa que te deixa doente? Você usa essa máscara como reação ao ambiente em que vive? Ou uma reação ao que idealiza sobre você mesmo? Já sentiu isso?
Uso a máscara para agradar alguém? Para proteger quem?
Lá no Pathwork ouvi isto: as máscaras por nós utilizadas desenvolvidas para proteger o nosso ego são camadas que ofuscam o Verdadeiro Eu, a sua essência divina (o Eu Superior).
Nosso Eu Superior está no centro, para chegar até ele precisamos descascar essas camadas e, tal como uma cebola, muitas vezes isso vai nos fazer chorar. Pois, iremos tocar nas nossas feridas e encontrar nosso lado sombra (o Eu inferior).
As máscaras são as partes mais nocivas do nosso Eu. Elas nos deixam inconscientes e longe da Unidade e do equilíbrio. Do uso constante da máscara nasce o Eu-idealizado, o inatingível na prática, mas o intocável na ideia. O ego acredita ser o Eu-idealizado. Este Eu não possui defeitos, não possui sombra nenhuma. Ele acredita na própria perfeição e sofre quando instigado a ver a realidade. A dualidade.
Porém, por várias vezes, li algo dito por pessoas de diferentes culturas e diversas formas de ver a espiritualidade: que somos luz e sombra, e mesmo a sombra tem sua fonte na luz, ou seja, podemos transformar a treva de modo que a levemos para perto de um lugar que contenha brilho e integrá-la. Mas, sem encará-la e trazê-la à consciência, será impossível.
Para essa dualidade, Carl Jung tem uma das melhores frases, e talvez, a que mais me faz refletir: “Ninguém se torna iluminado por imaginar figuras de luz, mas sim por tornar consciente a escuridão.”
Dentro dessas camadas o Falso Eu ou o Eu Idealizado permanece. Neste espaço, o ego não se desenvolve e permanece totalmente identificado com a máscara.
É tempo de retirar as camadas e chorar para seguir o caminho da evolução pessoal.
Luís Fernando Gurgel e Souza, sobre histórias do cotidiano, fábulas, crônicas futebolísticas e emoções de cada um. luisfgurgel11@gmail.com