Em 2021, foram registrados 2.551.942 nascimentos no Brasil, o menor número contabilizado desde 2002, quando a Associação dos Notários e Registradores do Brasil (Anoreg) iniciou o mapeamento.
Dentro desse cenário, homens e mulheres têm adiado a decisão de ter filhos por questões pessoais, sociais ou mesmo clínicas. Para todos esses casos, uma opção interessante é a criopreservação, um conjunto de técnicas combinadas que possibilita a essas pessoas preservar óvulos, espermatozoides ou embriões (óvulo fecundado pelo espermatozoide) enquanto a opção de trazer um bebê ao mundo não amadurece ou não pode se concretizar.
Como trata-se de um tema que ainda gera inúmeras dúvidas, a Dra. Paula Fettback, especialista em reprodução humana, compartilha a seguir as principais dúvidas que chegam ao consultório por meio de diferentes perfis de pacientes:
“Na medicina, é um erro generalizar as respostas pois cada paciente tem necessidades e características particulares. O que posso dizer é que, em geral, o congelamento de embriões é procurado por casais que têm uma união estável, já decidiram que querem ter um filho juntos e aguardam o momento mais oportuno para concretizar esse desejo. Outra indicação seria o caso de mulheres mais velhas, principalmente após os 38-39 anos, uma vez que nestas pacientes os resultados do congelamento de óvulos são menores e/ou necessitamos de um número muito elevado de óvulos para maiores taxas de sucesso.”
“Essa é uma decisão que deve partir da mulher, considerando a sua vontade e o seu quadro clínico. Toda mulher pode congelar seus óvulos. Mas é importante considerar que quanto mais jovem for o óvulo, maiores são as chances do sucesso do processo até o nascimento do bebê. No cenário ideal, inicialmente, o congelamento deveria ser considerado por toda mulher que passou dos 30 anos, e por alguma razão necessita ou deseja adiar a maternidade. Também em mulheres ou casais que já têm filhos e planejam ou têm dúvidas de aumentar a prole futuramente. Além disso, é claro, há a recomendação para as pacientes oncológicas e para grupos de maior risco, como endometriose profunda que necessitam de cirurgia, doenças autoimunes ou histórico familiar de menopausa precoce”.
“Trata-se de um processo basicamente simples mas delicado, que envolve a aplicação de hormônios para hiperestimular a produção de óvulos, que são retirados diretamente do ovário por um procedimento cirúrgico minimamente invasivo e guiado por ultrassom transvaginal. Todo processo é realizado sob anestesia, sendo indolor”.
“Assim como acontece com as mulheres, pode ser apenas uma questão de querer aguardar o melhor momento para ter um filho, no entanto, a idade no homem não tem o mesmo impacto da mulher. A criopreservação de espermatozoides também é indicada em casos de varicocele avançada previamente a cirurgia, pacientes oncológicos, principalmente no câncer de testículo e eventualmente em alguns casos de câncer de próstata caso ainda haja desejo reprodutivo. Nesse caso, porém, a coleta é bastante simples, normalmente realizada pela ação física natural. Raros são os casos em que há a necessidade de procedimentos cirúrgicos e invasivos”.
“O ideal é que seja realizada uma análise clínica completa dos envolvidos antes de iniciar o tratamento. Isso inclui preparo psicológico, emocional e físico, inclusive com suplementos vitamínicos e avaliação nutricional. Em alguns casos, associa-se equipes multidisciplinares. E, claro, algo muito importante: que todo o processo seja realizado por profissionais de saúde e laboratórios com experiência, conhecimento e especialização em criopreservação”.
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