Geral P.I.S.T.A.
MEMENTO MORI
Lucrécio (94 a.C. - 50 a.C.), poeta e filósofo romano, escreveu: "Não importa quantas gerações você viva, a mesma morte eterna ainda está esperando
18/05/2022 10h50
Por: Redação Fonte: Luís Fernando Gurgel e Souza
(Imagem: Pintura Still Life with a Skull de Philippe de Champaigne - 1671)

Lucrécio (94 a.C. - 50 a.C.), poeta e filósofo romano, escreveu: "Não importa quantas gerações você viva, a mesma morte eterna ainda está esperando, e para alguém que chega ao fim da vida enquanto o sol se põe hoje, terá um período tão longo de inexistência quanto alguém que morreu há muitos anos."

 

Levando em conta que o corpo é matéria e que sem essa materialização, a mente também irá se esvair. 

 

Particularmente, acredito que a alma, a parte que armazena as informações, toma outro veículo no momento da morte, o Espírito, e vai embora desse plano. Ocorre que o corpo e a mente se esvaem e nada fica além de um legado; a alma segue o rumo do caminho à Unidade. Conjecturo que a alma carrega todas as informações coletadas neste momento específico da História que chamamos vida, e talvez de outros momentos, outras vidas em outras dimensões neste vasto Universo. Meu intelecto limitado não é capaz de analisar nada além disso, uma coisa tão incognoscível como o Além ou o Universo.

 

Não há outra coisa a se fazer aqui, a não ser caminhar. No ciclo dessa caminhada, ou estamos na caixa ou ao lado dela. No fim, tudo é tingido de cinza. E fica só o legado, a fé de uma esperança que nem a própria alma irá testemunhar. Visto que esta já tomou o veículo do Espírito e corre rumo à Unidade. Libertadora! Preciso crer que é um alento.

 

Mas a frase de Lucrécio me fez pensar. Apreciei e estou refletindo... "Memento mori", o que é a vida, senão uma fugaz passagem para recolher experiências. 

 

"O que importa?", me perguntei quando li sobre o trabalho de Lucrécio e o sentido de “Memento mori”, frase atribuída aos filósofos estoicos: “lembre-se de que você irá morrer”. 

 

Trabalho em algo que não me satisfaz, algo que nem vejo mais sentido? Percebo que ninguém se importa com o que faço, ou não faz diferença nenhuma, levando a pensar sobre a dicotomia "ser útil versus ser contributivo"? Tudo parece uma fachada, um grande teatro? A serviço de quê ou para quem?

 

Sinto-me uma pequena máquina, repetindo procedimentos, cobrando-me de forma demasiada, sendo cobrado e executando algo totalmente sem sentido, assumindo responsabilidades (que às vezes nem são minhas), para quê? 

 

Para ter o dinheiro, salário, pagar a sobrevivência? Mas também, para financiar as minhas experiências? Como viajar, conhecer o mundo, sentir o sabor de comidas que nunca experimentei, contemplar paisagens, sentir o vento no rosto de outras terras, enfim ver e sentir coisas novas?

 

Percebo que as pessoas parecem estar aqui para duas coisas: ter dinheiro e ter poder. 

Ninguém se importa com outra coisa. Esse é o sinônimo de felicidade para minha geração.

 

Memento mori.”

 

 "O que importa?" 

 

Não sei, vou me perguntar mais tarde.

 

Luís Fernando Gurgel e Souza, sobre histórias do cotidiano, fábulas, crônicas futebolísticas e emoções de cada um.  luisfgurgel11@gmail.com