Hoje eu li uma frase de Fabrício Carpinejar que me chamou muito a atenção. Eis aqui o que ele escreveu: "Desperdício é nascer diferente e passar a vida inteira tentando ser igual aos outros”.
Na hora, eu me lembrei de uma frase atribuída a Carl Jung: "Nascemos originais e terminamos cópias.”
Eu então escrevi inspirado em Carpinejar e Jung, levantando a voz mental usando um megafone imaginário e convocando à revolução:
"Pelo movimento contramaré e fim do desperdício de Originais!"
Em uma semana em que há o simbolismo da Liberdade neste país, o chamado é pertinente.
Vivemos em uma sociedade engaiolada! A meta aqui é fazer mais do mesmo. Uma espécie de escravidão tácita, cunhada na mediocridade. Como canários conformados, permanecemos presos.
Mesmo quando a porta da gaiola se abre. É preferível cantar em território conhecido, onde sabemos quem ouve. Mas não haveria outros para se deleitar com nosso canto? O grito no megafone imaginário convocando meus amigos imaginários seria "Tem de haver mais!"
Colocamos nas mãos de outros as responsabilidades de (des)construir o mundo. Tanto o mundo interno quanto o externo.
Por que insistimos nesta construção de prisioneiros?
Somos um monte de fragmentos. Porém, lá no início, as peças eram originais! Lá nas nossas elaborações infantis e juvenis uma pecinha ia se descolando do quadro original e, feito máquina "Xerox" repetindo o que o Mundo Engaiolado pregava, a peça era modelada para encaixar nas mesmas engrenagens. Talvez saímos projetos de canários, mas moldados papagaios.
Naquele tempo aquelas elaborações faziam sentido e davam certo. Eram as defesas que em certo grau, foram necessárias para a sobrevivência.
Olha que louco, não é?
Mas o trabalho da jornada do autoconhecimento é exatamente para integrar essas pecinhas originais. Lutar para que não se torne uma cópia da Maré da mesmice (ou o que "eles, os donos da gaiola" querem que acreditemos ser verdade).
A super cola para isso é o pensamento crítico, que necessariamente deve ter o aglutinante autoamor e autoaceitação.
Por meio do poder da ressignificação, boom!, a super cola reage com os fragmentos! O canário quer cantar e sair da gaiola.
O ser integral é livre! Ele mantém suas peças originais. A integração da nossa luz e da nossa sombra nos dá liberdade. Você não gostaria de ser livre?
Veja como a terapia é uma ferramenta fortíssima para acessar esse poder.
Luís Fernando Veríssimo certa vez escreveu: "Mas eu desconfio que a única pessoa livre, realmente livre, é a que não tem medo do ridículo”.
Aí está, temos medo do ridículo. Mas o conceito que os presos na Gaiola entendem ser ridículo. Fora dela, o ridículo é liberdade.
Portanto este bocó chama para a revolução nesta semana:
"Abram as portas da Gaiola! Liberdade ainda que tarde!!!"
Luís Fernando Gurgel e Souza, sobre histórias do cotidiano, fábulas, crônicas futebolísticas e emoções de cada um. luisfgurgel11@gmail.com