A pandemia acelerou e popularizou o uso das ferramentas digitais em todos os países nos últimos anos. E o mundo on-line também vem se tornando cada vez mais presente no universo da agricultura familiar e no serviço de extensão rural. Dentro dessa proposta, a Emater-MG criou o projeto Ater Digital, que propõe agilizar e tornar mais acessível o atendimento ao produtor rural.
Uma das propostas do projeto será a implantação de uma plataforma com assistente virtual (chatbot), com a qual o produtor rural fará a comunicação, via Whatsapp e aplicativo mobile, além de possuir a integração com os bancos de dados da empresa. Mas a prestação da Assistência Técnica e Extensão Rural Digital (Ater Digital) também vem sendo desenvolvida em outras frentes.
Rede
Em novembro de 2021, a coordenadora Estadual de Metodologia de Extensão Rural, Helena Silva, foi indicada pela empresa para ministrar uma aula sobre Ater Digital, na disciplina do professor Luís Fernando Soares Zuin, da USP, em São Carlos (SP). Um dos desdobramentos da iniciativa foi sobre a formação de uma equipe para debater e estudar o tema.
“Nesta equipe, as ideias avançaram para a formação de uma rede, com definição de participantes de várias instituições da América Latina e com reuniões semanais. A Rede Aurora vem no sentido de discutir nos ambientes interativos o desenvolvimento de ações, estudos científicos e troca de experiências, de forma a provocar a renovação das ideias, pensamentos e atitudes para atuação na Ater Digital junto aos agricultores”, explica Helena Silva.
Atualmente, a Rede Aurora (Rede Latino-Americana de Diálogos em ATER Digital) é composta por 53 pessoas de 21 organizações, sendo 13 de extensão (a Emater-MG é uma delas) e fiscalização e mais oito universidades. São professores, pesquisadores, extensionistas rurais, profissionais da defesa agropecuária, estudantes de graduação e pós-graduação de organizações públicas e privadas de quatro países da América Latina: Argentina, Brasil, Chile e Colômbia.
A troca de experiências e a formação de parcerias de seus integrantes fundamenta o funcionamento da Rede Aurora, que tem suas iniciativas alinhadas aos objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Organizações das Nações Unidas (ONU).
“A Ater digital chegou para ficar e fazer parte das atividades de extensão rural. Os estudos acadêmicos e a prática extensionista, hoje, nos deixam cientes de que as ferramentas digitais sempre estarão presentes nas ações juntos aos agricultores. Mas no pós-pandemia o que se confirma é a Ater híbrida, ou seja, a Ater presencial, mas também utilizando de recursos da Ater digital”, argumenta Helena.
Série
A Rede Aurora criou a série de livros “Estudos e diálogos em Ater Digital”, a fim de divulgar os estudos e diálogos produzidos por seus integrantes e convidados. Os temas que compõem essa série são os mais variados, passando pela educação, sociologia, economia, administração, saúde, entre outros, que envolvem os caminhos dos serviços de Ater nos ambientes digitais de comunicação, nos territórios rurais da América Latina. Uma das obras lançadas é o livro “Ater Digital: Possibilidades, desafios e aproximação conceituais”, de Renato de Carvalho Lopes, Luís Fernando Soares Zuin, Marcelo Leles Romarco de Oliveira. A obra tem o prefácio de Helena Silva.
Inclusão digital
A coordenadora da Emater-MG conta que uma das preocupações do grupo é a inclusão digital dos produtores, e que a internet chegue ao campo. A redução dos investimentos públicos em serviços de Ater é outro desafio grande. Mas também existem grandes possibilidades a serem exploradas, como conquistar a atenção da juventude.
“A permanência do jovem rural no campo é um fator de preocupação constante. Mas é fato que as ferramentas digitais influenciam no envolvimento dos jovens nas atividades rurais, uma vez que eles são bem antenados com todas essas ferramentas e redes sociais. Hoje, temos muitos jovens que comercializam a produção agropecuária deles, ou da família, por meio das redes sociais e constroem planilhas eletrônicas para acompanhar a gestão da propriedade. Nós, da Emater, investimos na capacitação de jovens para o uso das ferramentas digitais em suas atividades e elas são um grande incentivo para os jovens permanecerem no campo”, salienta a coordenadora.
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