
Na Escola Municipal Manoel Salvador de Oliveira, da rede municipal de Itabirito (MG), três educadoras decidiram fazer diferente. Em vez de apenas seguirem os métodos tradicionais, elas ousaram criar, envolver e emocionar. Bernadete, Gilmara e Ivône são as idealizadoras do projeto literário Memórias de um Fusca.
Com sensibilidade e olhar pedagógico apurado, as professoras desenvolveram uma gincana literária que valorizava atitudes positivas dos alunos, como participação, boas notas, cuidado com o ambiente escolar e respeito aos colegas. A cada conquista, os estudantes acumulavam pontos que despertavam neles o senso de responsabilidade, o espírito colaborativo e a alegria de aprender. Como incentivo especial, os que se destacavam ganhavam uma volta no João Bolinha — um fusca 1980 que ganhou nova vida como símbolo de afeto, criatividade e pertencimento.
O impacto foi imediato. Mais do que prêmios, os alunos passaram a enxergar a escola com novos olhos. O sorriso no rosto, a autoestima elevada e a vontade de estar na sala de aula se tornaram os verdadeiros frutos do projeto. “Eles se sentiam vistos, reconhecidos. A escola passou a fazer mais sentido para eles”, relatam as professoras emocionadas.
A comoção foi tanta que os alunos do 6º ano chegavam a parar a professora Gilmara, proprietária do Fusca João Bolinha, perguntando o que precisavam fazer para ganhar a tão sonhada volta de fusca. O João Bolinha virou referência dentro e fora da escola, sendo apresentado em eventos educacionais, rodas de conversa e no podcast Sala de Aula, onde as três educadoras compartilharam os bastidores dessa ideia que uniu ludicidade, intencionalidade pedagógica e impacto real.
O reconhecimento ultrapassou os muros da escola e os limites do município: o projeto foi destaque em reportagens da Rede Globo e da TV Record, comprovando a força de uma educação pública feita com criatividade, propósito e afeto.
O projeto é a prova viva de que, quando professores têm liberdade, apoio e coragem de inovar, grandes transformações acontecem. Bernadete, Ivone e Gilmara são exemplos de educadoras que colocam o coração no ofício, mostrando que é possível encantar o processo de aprendizagem – e que a escola pública pode, sim, ser lugar de pertencimento, esperança e transformação.
Christiane G. Bossanelli do Vale é pedagoga, psicopedagoga e mestre em Educação com mais de 25 anos de experiência em gestão escolar, coordenação pedagógica e docência. Apaixonada por educação e inovação, atua com foco na formação humana, uso de tecnologias educacionais e liderança democrática. https://www.instagram.com/saladeaulapdc/