Realizar atividades cotidianas simples, como dirigir à noite ou ler um livro, pode se tornar um grande desafio para pessoas que sofrem com o excesso de pele nas pálpebras. Embora a blefaroplastia, também conhecida como cirurgia das pálpebras, seja frequentemente associada a questões estéticas, o procedimento desempenha um papel importante na recuperação da visão e na melhora significativa da qualidade de vida daqueles que apresentam essa condição.
O excesso de pele nas pálpebras pode causar fadiga ocular, lacrimejamento e até comprometer o campo visual, dificultando tarefas do dia a dia. Segundo a Dra. Gabriela Sureda, médica oftalmologista com especialização em cirurgia de pálpebras e dermatologista em formação da Clínica Oftalmo Città, integrante da rede Vision One: “O excesso de pele nas pálpebras causa cansaço ocular. Além disso, esteticamente o paciente se queixa de estar sempre com aquele ar de cansado, mesmo quando ele está descansado”.
O que pode causar o excesso de pele nas pálpebras?
O excesso de pele nas pálpebras, na maioria dos casos, está diretamente relacionado à perda de elasticidade da pele ao longo dos anos. No entanto, há outros fatores e características individuais que podem favorecer esse processo. Conforme explica a cirurgiã, “o excesso de pele, logicamente, é muito mais comum nas pessoas mais idosas, mas pode ocorrer nos jovens”.
Ela menciona também que pacientes com fototipo baixo – pele mais clara e menor produção de colágeno – estão mais suscetíveis à flacidez da pele, o que inclui a região palpebral.
“Recentemente, operei um jovem de 18 anos que apresentava flacidez em apenas um dos lados da pálpebra, resultado do hábito de dormir sempre na mesma posição e de uma grande perda de peso ao longo de um ano. O paciente tinha pele muito clara, característica que favorece a flacidez, e desenvolveu um excesso de pele perceptível. A cirurgia foi realizada com sucesso e trouxe bons resultados. Hoje, não limito mais o procedimento pela idade do paciente. Se há um dano que compromete a estrutura da pálpebra, ele deve ser corrigido, independentemente da idade”, relata a médica.
O excesso de pele nas pálpebras se agrava com o tempo?
Se não tratado, o excesso de pele nas pálpebras tende a piorar progressivamente. Com o passar dos anos, a pele perde ainda mais firmeza e elasticidade, tornando-se mais flácida e impactando diretamente a abertura dos olhos. Segundo a Dra. Gabriela, “a pele vai ficando cada vez mais flácida com o passar dos anos e vai ficando mais difícil essa abertura do olhar em função desse excesso de pele”.
Além da dificuldade em abrir os olhos, o peso da pele sobre a pálpebra pode levar à desinserção do músculo responsável por sua sustentação, provocando a chamada ptose palpebral. “A ptose ocorre quando o músculo responsável pela sustentação da pálpebra se desloca da sua posição original, resultando na queda da pálpebra”, detalha a médica que complementa, “quando essa condição se instala, o tratamento se torna mais complexo”.
Quais benefícios a blefaroplastia funcional traz para pacientes com excesso de pele palpebral?
A blefaroplastia funcional não apenas melhora a estética da região dos olhos, como também traz benefícios expressivos para a saúde ocular e para a qualidade de vida dos pacientes. Um dos principais impactos positivos do procedimento está na recuperação do campo visual, permitindo que atividades diárias sejam realizadas com mais conforto e segurança. “Muitos pacientes relatam uma melhora na direção após a cirurgia, pois deixam de ter o campo de visão lateral comprometido. Além disso, ao olhar para cima, não há mais a sensação de que a pele funciona como uma barreira, limitando a visão. Essa mudança traz um impacto significativo no dia a dia”, afirma a cirurgiã.
Segundo a oftalmologista, a remoção do excesso de pele alivia a sensação de peso nas pálpebras, reduzindo o cansaço ocular.
Em quanto tempo o resultado da cirurgia de remoção do excesso de pele nas pálpebras pode ser constatado?
Após a cirurgia, os efeitos positivos não são imediatos, pois o organismo precisa de tempo para se recuperar. Nos primeiros dias, é comum que a região fique inchada e com hematomas, o que pode interferir temporariamente na visão. “Toda cirurgia estética ou funcional tem um tempo de recuperação dos tecidos. A blefaroplastia tem uma melhora progressiva à medida que os dias vão passando”, explica a Dra.
Para otimizar esse processo, além de seguir todas as orientações do cirurgião, a Dra. Gabriela recomenda aos seus pacientes procedimentos como a drenagem facial pós-operatória, que ajuda a reduzir o inchaço. O resultado definitivo pode ser observado entre seis meses e um ano após o procedimento, período em que a estrutura da pele e dos músculos se estabiliza completamente.
Os resultados da blefaroplastia são permanentes?
A blefaroplastia proporciona resultados duradouros, mas, como todo procedimento cirúrgico, está sujeita a possíveis correções no futuro. “O procedimento tem um resultado duradouro, porém, todas as plásticas – seja de olho, barriga ou seios – normalmente em dez anos já têm a possibilidade de precisar de uma nova intervenção”, esclarece a Dra.
Isso significa que, em alguns casos, a cirurgia de remoção de excesso de pele nas pálpebras pode precisar ser refeita após uma década, especialmente se houver um novo acúmulo significativo de pele. No entanto, a cirurgiã pontua que há pessoas que realizam a blefaroplastia funcional uma única vez e permanecem satisfeitas com os resultados por toda a vida. Além disso, pequenas correções podem ser necessárias em curto prazo, caso haja algum ajuste técnico a ser realizado.