A criação de galinhas sempre foi uma paixão para Selma Máxima Amaral, que cresceu no meio rural do Norte de Minas. Devido a objetivos pessoais e profissionais, acabou trocando o campo pela cidade. Mas a oportunidade de voltar às origens apareceu em 2022. “Apesar de atuar na área de contabilidade pública, o sonho de trabalhar com aves sempre esteve comigo. Fiquei sabendo que a granja no Sítio do Bunito, em Bocaiúva, estava para arrendar, então aproveitei o momento”, conta.
Assim, ela começou a dividir o trabalho de contabilidade com as atividades da granja de galinhas caipiras. Para dar conta dos mais de 5 mil ovos colhidos diariamente, do beneficiamento e da distribuição dos produtos, a avicultora tem a colaboração de oito funcionários.
O beneficiamento dos ovos é realizado no entreposto, localizado no sítio, inclusive é o único regularizado da região. A técnica da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG) , Fernanda Maria Lima, explica que para comercializar os ovos de galinhas caipiras foi necessário seguir algumas etapas. “Primeiro realizamos o registro da granja no Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), regularizamos o entreposto de ovos e em paralelo foi feito o registro no programa Certifica Minas”.
A também técnica da Emater-MG, Simone Nassau Ferreira, enfatiza a importância da certificação. “Para o produtor, é vantajoso porque possibilita a comercialização em outras cidades. Já para o consumidor, ele tem a certeza de que está comprando produtos de qualidade, uma vez que os produtos são fiscalizados”, explica.
A venda dos ovos caipiras do Sítio do Bunito é feita nos municípios de Bocaiúva e Montes Claros, no Norte de Minas, Sete Lagoas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), Curvelo, na região Central do estado e Belo Horizonte.
Simone destaca a importância da história da avicultora para o município. “Toda a dedicação e cuidado fizeram com que Selma aumentasse rápido a produção. Ela iniciou o negócio com mil galinhas e hoje já são mais de sete mil. Tanto o crescimento rápido quanto o entreposto incentivaram outros produtores a criarem galinhas caipiras para a comercialização dos ovos”.
Manejo
A produtora conta que a preocupação com o bem-estar das aves foi um dos motivos da escolha pelo sistema caipira. “Elas são livres, criadas sem gaiolas, podem tomar sol, ciscarem, têm uma alimentação balanceada com abóboras e couve, a ração nós produzimos. O bem-estar dos animais e a alimentação garantem a boa qualidade dos ovos”, afirma Selma.
A avicultora chama atenção para os cuidados com o manejo. “Tem que ser bem-feito, fazer a higienização do local onde elas dormem e, também, antes de entrar na granja e no entreposto. As aves não podem sofrer estresse, se ficarem doentes é necessário separar das que estão sadias. Elas ficam em um barracão bem estruturado para essa finalidade e têm a opção de ficarem livres, quando quiserem”.
O custo de produção é bem elevado, mas o valor agregado dos ovos e a realização de um sonho compensam todo o trabalho. “É um setor que vem crescendo muito, o mercado está bom. Eu tenho me identificado, é uma terapia quando chego aqui, ver o bem-estar animal e levar um produto de qualidade para a mesa do consumidor”, relata.