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Rinite alérgica afeta 30% da população brasileira
Dr. André Aguiar Gauderer, médico alergologista do RJ, lista as principais características da doença, explica como funciona o diagnóstico e destaca...
27/12/2024 11h27
Por: Redação Fonte: Agência Dino

Atualmente, cerca de 30% da população brasileira têm rinite, doença não contagiosa que pode ter fator hereditário, conforme estimativa compartilhada pela Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai). A condição é mais frequente após os dois anos de idade e atinge cerca de 25% das crianças.

A nível mundial, a rinite afeta em torno de 30% a 40% das pessoas, segundo uma projeção da Organização Mundial da Alergia, repercutida pelo Jornal da USP. Já de acordo com informações da American College of Allergy, Asthma and Immunology, publicadas pela Federação Brasileira de Hospitais (FBH), 70% das alergias ocorrem antes dos vinte anos de idade.

Entre os principais sintomas, o paciente com rinite pode apresentar coceira frequente no nariz ou nos olhos, espirros seguidos, coriza frequente e obstrução nasal - elementos que podem ser confundidos com gripes recorrentes.

Segundo o Dr. André Aguiar, médico alergologista, otorrinolaringologista e chefe do Serviço de Alergia da Policlínica de Botafogo (RJ), vários fatores contribuem para uma alta incidência de rinite alérgica no país. “Em primeiro lugar, vem a genética, que é um componente importante. Se um dos pais tem alergias, o filho tem uma chance maior de ter a mesma condição. Se ambos os pais têm alergias, a chance aumenta”, explica.

Em segundo lugar, avança Dr André Aguiar, vêm os alérgenos intradomiciliares. “Passamos cada vez mais tempo dentro de casa. A exposição aos alérgenos intradomiciliares é a maior causa de alergia no Brasil. Estamos diariamente em contato com ácaros da poeira domiciliar, fungos, pelos de cão e gato, que são os principais alérgenos em nosso país”.

Para o médico, a urbanização também contribui para a alta no índice de rinite no Brasil. Isso porque o ambiente urbano, com maior contato com agentes poluentes, piora a rinite.

Em quarto lugar, Aguiar destaca a chamada “teoria de higiene”: “Aparentemente, o estilo de vida moderno com menor exposição a microorganismos, bactérias, parasitas e ‘sujeiras’ na infância, assim como o uso frequente de antibióticos, contribui para alterar o sistema imunológico e aumentar a prevalência de doenças alérgicas. Este é um fenômeno mundial e não só do Brasil e tem sido muito estudado atualmente”, expõe.

Paciente com rinite pode desenvolver sintomas graves

Aguiar conta que a rinite alérgica pode ser apenas uma das doenças alérgicas que o paciente possui. “Ele pode ter também a rinoconjuntivite alérgica e, nesse caso, tem sintomas oculares importantes como coceira em olhos, edema, lacrimejamento, hiperemia conjuntival (olhos vermelhos) podendo levar até a descolamento de retina, úlceras de córnea e ceratocone”.

Segundo o médico alergologista, também é comum a associação da rinite alérgica com asma alérgica e dermatite atópica, doenças bem mais graves e que precisam ser investigadas e tratadas no paciente com rinite.

“Além disso, a rinite pode contribuir com sinusite, otite, respiração oral na criança (pela obstrução nasal), evoluindo para a síndrome do respirador oral, que pode levar a má formação de um terço médio da face”, afirma Aguiar. “A rinite também piora o sono e atrapalha na escola e trabalho, levando à diminuição do rendimento nos estudos, na carreira e piora na qualidade de vida”, complementa.

Como é realizado o diagnóstico?

A identificação precisa de alergias é fundamental para garantir o bem-estar e a qualidade de vida dos pacientes. Um dos métodos mais eficientes e rápidos para esse diagnóstico é o Prick Test, também chamado de teste cutâneo de leitura imediata. O exame é realizado da seguinte forma:


“Com o resultado do exame de Prick Test podemos orientar ao que o paciente deve evitar o contato e preparar o tratamento com imunoterapia especificamente para aquele paciente”, finaliza o Dr André Aguiar. 

Quais são os tratamentos para a rinite?

O tratamento clínico da rinite geralmente envolve o uso de medicamentos para controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente. Os medicamentos mais comuns incluem anti-histamínicos, que ajudam a reduzir espirros, coceira e coriza. De acordo com o alergologista, os anti-histamínicos podem ser de primeira, segunda ou terceira geração, o que significa que as suas composições podem causar sonolência, por exemplo.

“Entre os ativos que podem dar sono, de primeira geração, estão Dexclorfeniramina Hidroxizina e Prometazina. Já os de segunda e terceira geração, por exemplo, não possuem essa característica e não ocasionam a sonolência, são eles: Cetirizina, Desloratadina, Fexofenadina, Loratadina e Bilastina”, explica.

Outra indicação é o uso dos descongestionantes, que aliviam o entupimento nasal de forma momentânea. No entanto, o Dr André Aguiar alerta que, embora proporcionem alívio imediato, os descongestionantes não são eficazes no controle de sintomas a longo prazo, como espirros, coriza ou coceira nasal. “Por essa razão, muitas pessoas acabam desenvolvendo o hábito de utilizá-los por períodos prolongados. Contudo, o uso de descongestionantes nasais não deve exceder uma semana”, evidencia.

O médico alergologista destaca que muito tem se falado de uma vacina que combate ou previne a rinite alérgica. “As vacinas de alergia, na verdade, não são vacinas. O nome correto é imunoterapia específica. Trata-se de um tratamento que visa dessensibilizar o paciente para diminuir sua alergia”, explica.

Aguiar detalha que o procedimento é realizado com a aplicação de quantidades cada vez maiores do alérgeno responsável pela alergia no paciente. “Esse é um tratamento com mais de cem anos que vem sendo aprimorado com o tempo. É considerado o único tratamento capaz de mudar o curso natural da doença chegando muito próximo de uma cura”, afirma.


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