Cerca de 2 mil homens são diagnosticados anualmente com câncer de pênis no Brasil. O levantamento, realizado pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) junto ao Ministério da Saúde no início deste ano, mostra que mais de 20% dos pacientes têm o órgão amputado durante o tratamento.
Medidas básicas de higiene e a busca por profissionais de saúde especializados são medidas que podem prevenir agravamentos e diminuir a letalidade desse tipo de câncer.
Para esclarecer sobre sinais e formas de prevenção à doença, conversamos com o chefe do serviço de Urologia do Hospital Geral de Fortaleza (HGF), Marcos Flávio Rocha.
Quais são os primeiros sinais do câncer de pênis e quando buscar ajuda médica?
Marcos Flávio Rocha: Os primeiros sinais são o aparecimento de verrugas, sinais e feridas que não cicatrizam na região do pênis. Nesse caso, é preciso buscar ajuda especializada para investigar.
O que causa o câncer de pênis?
M.F.: O câncer de pênis é um dos mais raros. Os principais fatores que estão ligados à causa dessa patologia são as infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como o papilomavírus humano (HPV), mas, acima de tudo, a falta de limpeza do pênis. Dessa forma, é uma doença que se expressa entre homens que não possuem um asseio adequado, tanto por falta de conhecimento quanto por falta de condições financeiras. Outro fator de risco é a fimose, condição em que a pele que recobre o pênis não expõe a glande, aumentando a umidade do meio e facilitando o crescimento de fungos.
Qual o risco de letalidade do câncer de pênis?
M.F.: O índice de mortalidade, infelizmente, é grande, muito maior que o de câncer de próstata, porque, geralmente, os pacientes só chegam para buscar ajuda quando já estão em estado avançado da doença, com total necrose do pênis. Muitas vezes, são outras pessoas que levam esses homens ao consultório médico. Por isso, é importante que os homens procurem atendimento especializado. Quando diagnosticado em fase inicial, o câncer de pênis é fácil de ser tratado.
É possível tratar o câncer de pênis sem amputação?
M.F.: Sim. Muitas vezes, podemos tirar apenas a lesão com pouco comprometimento estético e funcional do órgão. Por ser um hospital de alta complexidade, a maioria das lesões tratadas no HGF precisam de amputação parcial ou total do pênis. Em alguns casos, é possível manter a uretra no pênis e até permitir a atividade sexual. Em lesões maiores, no entanto, é preciso retirar totalmente o órgão e desviar a uretra para o períneo.
Qual a melhor forma de prevenir o câncer de pênis?
M.F.: A limpeza. Ela deve ser feita regularmente com água e sabão. O homem deve baixar o prepúcio, expor a glande, lavar bem e enxugar. Se há condição de fimose, precisa passar por cirurgia para evitar doenças.
O Hospital Geral de Fortaleza (HGF) é uma unidade terciária referência em tratamento de doenças urológicas de alta complexidade para todo o estado do Ceará. O acesso à instituição se dá via Emergência (aberta 24h) ou por meio de encaminhamento pela Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa).