O Ceará é o segundo Estado do Brasil que mais realizou transplantes de córnea neste ano, segundo estatísticas do Registro Brasileiro de Transplantes (RBT). De janeiro a junho, 535 procedimentos do tipo foram feitos no território cearense. O dado foi divulgado durante o Congresso Brasileiro de Transplantes, que foi realizado em Florianópolis até o último sábado (30).
O quantitativo de transplantes realizado no Ceará equivale a 121,7 procedimentos por milhão de habitantes. São Paulo lidera o ranking no País, com 2.979 cirurgias feitas no mesmo período. “O Ceará está há muitos anos no ‘top cinco’ das estatísticas de transplantes e esse é um dado muito positivo, que merece ser destacado. Isso se deve às parcerias que a Sesa soube construir com outras instituições em todos esses anos”, explica a orientadora da célula do Sistema Estadual de Transplantes da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), Eliana Barbosa.
Uma parceria firmada entre a Sesa, a Perícia Forense do Estado (Pefoce) e o Instituto Banco de Olhos do Ceará (IBOC) resultou no aumento de captações de córneas no Estado e contribuiu para que a fila de espera pelo tecido esteja zerada desde 2016. ‘Fila zero’ é uma marca estabelecida pela Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) e indica que o paciente não precisa esperar mais de um mês por uma córnea.
“Tecnicamente, para o Ministério da Saúde, a nossa fila de transplantes de córnea é zerada. Hoje, quem solicita um transplante de córnea pode realizar o procedimento em um mês, 15 dias ou até em menos tempo, a depender da disponibilidade das equipes de transplantadores”, explica Eliana.
Desde o início das captações na Pefoce, em 2016, o IBOC já recebeu 6.862 córneas. Hoje, o Ceará também disponibiliza córneas para outros estados do País, enviando cerca de 30% dos tecidos captados mensalmente. Ainda de acordo com a gestora, a atuação de uma equipe multiprofissional de entrevistadores da Sesa na Pefoce fez toda a diferença para aumentar a captação de córneas no Estado. “Com essa equipe, podemos abordar mais pessoas, inclusive as que não sofreram óbito nos hospitais, e assim termos mais oportunidade de doações”, destacou.
A criação do Banco de Olhos no Hospital Geral de Fortaleza (HGF), em 2006 também figura entre as ações estratégicas adotadas para que o Estado obtivesse êxito na realização de transplantes. O serviço funciona 24 horas e realizou 51 procedimentos neste ano, sendo responsável por atender à população cearense e à demanda de estados vizinhos.