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Seguem trabalhos para obtenção de IG para aipim de turfa de Itajaí
Há cinco mil anos, a região onde hoje é o município de Itajaí, era uma floresta. Aos poucos o oceano foi subindo e, quando estava entre três a quat...
28/08/2023 17h25
Por: Redação Fonte: Secom SC
Foto: Reprodução/Secom SC

Há cinco mil anos, a região onde hoje é o município de Itajaí, era uma floresta. Aos poucos o oceano foi subindo e, quando estava entre três a quatro metros acima do nível de hoje, alagou aquela floresta. O mar recuou, mas deixou um importante legado para Itajaí: as áreas de turfa. Turfa é um material de origem vegetal, parcialmente decomposto, encontrado em camadas no solo, geralmente em regiões pantanosas e também sob montanhas.

Antônio Henrique dos Santos, engenheiro-agrônomo e extensionista da Epagri em Itajaí, conta que é fácil comprovar todo esse movimento da natureza há milhares de anos. Segundo ele, para conseguir cultivar, agricultores locais tiveram de remover do soloinúmeros troncos fossilizados de árvores, como canela, olandim e ipê.Poços artesianos com 30 metros de profundidade alcançaram água salgada. Além disso, escavações de canais de drenagem mais profundos revelam conchas do mar em áreas hoje ocupadas pela turfa.

A turfa de Itajaí é “pura matéria orgânica”, como define Henrique. As áreas vêm sendo aproveitadas pelos agricultores familiares para  cultivo de aipim . “A turfa de Itajaí é rica em polifenóis e muito solta, conferindo ao aipim ótimo sabor e pouca fibra, características percebidas pelos consumidores”, relata o extensionista

A partir dessa percepção, Epagri, Secretaria de Estado da Agricultura, prefeitura e Sebrae se uniram aos agricultores para dar início ao processo de obtenção de uma  Indicação Geográfica  (IG) para o aipim de turfa de Itajaí. O registro de Indicação Geográfica é conferido pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) a produtos ou serviços que são característicos do seu local de origem, o que lhes atribui reputação, valor intrínseco e identidade própria, além de os distinguir em relação aos seus similares disponíveis no mercado.

O processo teve início em 2019, mas a pandemia paralisou as atividades, que foram retomadas em 2022, desde quando estão sendo realizadas reuniões envolvendo as partes. Neste ano, a  Secretaria de Estado da Agricultura  entrou com a verba necessária para início do levantamento a ser feito pelo Sebrae.  

A Epagri tem papel fundamental como animadora do processo, estimulando e organizando os agricultores e as instituições envolvidas. Caberá à Empresa ainda fazer a caracterização do meio ambiente, o levantamento socioeconômico, entre outras ações. 

Visita de pesquisador estrangeiro

A turfa de itajaí chamou a atenção do ecólogo Felix Beer, doutorando da Greifswald University, localizada no Norte da Alemanha. Ele esteve em Florianópolis entre 30 de julho e 4 de agosto, participando do Solos Floripa, maior evento de ciência do solo da América Latina e Caribe. Na ocasião, ele apresentou trabalho prático sobre análise de solos turfosos. 

Foto: Reprodução/Secom SC

O pesquisador da universidade alemã aceitou convite do extensionista da Epagri e foi pessoalmente conhecer a turfa de Itajaí. Segundo Antônio, a visita lhe permitiu agregar novos conhecimentos e trocar informações sobre o manejo destas áreas, pouco conhecidas pelos técnicos catarinenses. 

Antônio explica que determinadas características da turfa de Itajaí necessitam ser melhor avaliadas, dentre elas, a densidade destes solos, que confere poucas fibras ao aipim, e a presença de polifenóis, que transmitem ao alimento sabor, cheiro e substâncias benéficas à saúde. “Através do contato com este e com outros especialistas de Greifswald, esperamos evoluir neste trabalho de extensão rural”, detalha.