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Agosto Dourado: Sesa promove seminário estadual sobre aleitamento materno
Com a participação de gestores e profissionais da saúde, além de representantes da Sociedade Cearense de Pediatria, Ginecologia e Obstetrícia, o te...
26/08/2023 10h45
Por: Redação Fonte: Secom Ceará
Foto: Reprodução/Secom Ceará

A volta ao trabalho após a licença maternidade é um dos períodos mais desafiadores para as mulheres. Além da mudança da rotina, uma das dificuldades envolve dar continuidade ao aleitamento materno exclusivo. Com o objetivo de ressaltar a importância desse ato e promover discussões sobre o prosseguimento da amamentação quando a pessoa lactante precisa retornar às atividades profissionais, a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) realizou o Seminário Estadual Agosto Dourado, neste dia 25.

Com a participação de gestores e profissionais da saúde, além de representantes da Sociedade Cearense de Pediatria, Ginecologia e Obstetrícia, o tema escolhido para a campanha deste ano foi “Faça a diferença para mães e pais que trabalham”. Hoje, apesar de a licença maternidade exigida por lei ser de quatro meses, a orientação do Ministério da Saúde (MS) e da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que o leite da mãe seja o único alimento do bebê nos primeiros seis meses de vida.

Segundo a titular da Secretaria de Políticas de Saúde da Sesa, Vaudelice Mota, amamentar, além de ser um ato de amor, é um direito. “Nós, como coordenadores dos serviços de Saúde, estamos sempre desenvolvendo esforços para fortalecer a rede de bancos de leite e fazer eventos como esse, que possam orientar para que as mães possam continuar amamentando, porque esse deve ser um direito inalienável para mães e bebês”, ressaltou.

Vaudelice Mota também destacou a importância da doação de leite para salvar vidas. “Muitos bebês prematuros são salvos graças ao aleitamento materno. Se não fosse o aleitamento e a doação de leite, muitos deles não teriam condições nem de sair do hospital”, disse.

De acordo com a enfermeira de neonatologia do Hospital Geral Dr. César Cals (HGCC) e do Banco de Leite da Maternidade Escola Assis Chateaubriand (Meac), Rosy Pinheiro, a responsabilidade pela amamentação é papel de toda a sociedade “Temos uma meta de que 50% das mulheres possam amamentar de forma exclusiva até os seis meses do bebê e que esse número chegue a 70% até 2030. Com certeza, com o apoio de todos, especialmente dos gestores dos bancos de leite e demais envolvidos nessa questão, iremos conseguir”, declarou.

Rede de apoio

Para a farmacêutica Gleidiane Barroso, que trabalha no Banco de Leite do HGCC, seguir com a amamentação da filha Katarine, após a licença maternidade, só foi possível graças à sua rede de apoio. “Quando voltei a trabalhar, tentamos oferecer o meu leite à minha filha de maneiras que eu não precisasse estar presente. Porém, ela fez ‘greve de fome’ e só aceitava o leite dado no próprio peito. Para continuar amamentando, meu marido ia me buscar no hospital de três em três horas e contei também com o apoio da minha chefia, que estendeu meu horário. Sem isso, não teria continuado com o aleitamento”, lembrou.

Foto: Reprodução/Secom Ceará
O apoio do marido de Gleidiane, Rogério Araújo, técnico de teleprocessamento da Central de Regulação da Sesa, também foi fundamental em todas as etapas do desenvolvimento da filha. “Casamento é parceria. Tirei férias quando a minha filha nasceu e consegui trocar o meu horário de trabalho para ficar com a Katarine enquanto a minha esposa trabalha. Sei do quanto isso fortalece a nossa relação como família”, disse.

Já a assessora técnica da Área Descentralizada de Saúde (ADS) de Cascavel, a enfermeira Ana Amélia Lins, que protagonizou a campanha interna do Agosto Dourado da Sesa, preferiu dar uma pausa nas atividades profissionais para se dedicar aos cuidados com a filha, Melina. “Eu não me arrependo em nenhum momento de ter parado de trabalhar para ficar com a minha filha, porque eu sabia que voltaria depois. No meu caso, a rotina dos plantões me tiraria muito de casa”.

Foto: Reprodução/Secom Ceará
Ana Amélia também enfrentou muitas dificuldades no início da amamentação e precisou recorrer ao Banco de Leite do HGCC. “É muito emocionante participar dessa mesa e encontrar a enfermeira Rosy, que me atendeu no meu momento de maior aflição, quando minha filha não conseguia se alimentar. Depois das orientações que recebi, minha filha mamou por uma hora e meia e seguimos com o aleitamento. Sou muito grata”.

O evento também teve a participação de Fátima Tibiriçá, mulher indígena do povo Kanindé, de Aratuba, que trabalha na Oca de Saúde Comunitária de São Cristóvão. Em sua fala, ela destacou a importância da ancestralidade e do cuidado com as mulheres no período de amamentação. “Eu amamentei meus 13 filhos, assim como minha mãe e minha avó. É preciso cuidar das mulheres mais novas, que, muitas vezes, não entendem a importância desse ato. Muitas dizem que não vão dar de mamar porque também não mamaram, mas esquecem que isso pode prevenir doenças nos bebês e acordar de madrugada, por exemplo. É preciso cuidar dessas meninas”, disse.

Sobre a doação de leite

A doação de leite humano é um ato voluntário de mulheres que estão amamentando. Elas doam leite excedente para ser processado e distribuído com qualidade certificada aos bebês hospitalizados, preferencialmente aqueles que nasceram prematuros e/ou com baixo peso. São crianças que ainda não podem ser alimentadas diretamente ao seio materno e suas mães nesse momento tem grande dificuldade de produzir e retirar o leite para os filhos.

Atualmente, o Ceará possui nove bancos de leite humano, 28 postos de coleta de leite materno e 16 salas de apoio à mulher trabalhadora que amamenta, certificadas pelo Ministério da Saúde. Os equipamentos citados atuam na prevenção à desnutrição e à mortalidade infantil.