Um documento enviado pela médica oncologista Nise Yamaguchi à CPI da Covid mostra que a médica recebeu uma sugestão do decreto para facilitar o acesso da população à cloroquina como tratamento contra a covid-19, e que teria rebatido a ideia.
"Não é assim que regulamenta a pesquisa clínica. Tem normas próprias. Exporia muito o presidente [Jair Bolsonaro], escreveu a médica, segundo o documento. O arquivo mostra uma série de imagens de conversa entre Yamaguchi e um contato chamado de "Dr.Luciano Dias Azevedo Campinas Amazonia", por meio do aplicativo Whatsapp.
O arquivo foi entregue por Yamaguchi aos senadores durante seu depoimento nesta terça-feira (1º), para negar as acusações de que ela teria sugerido a mudança na bula do remédio.
A versão veio dos depoimentos à CPI da Covid do ex-ministro da Saúde, Henrique Mandetta, e do diretor-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Antonio Barra Torres, que afirmaram que a médica sugeriu a mudança em uma reunião interministerial, que teria acontecido em abril de 2020.
Na reunião, contaram Mandetta e Torres, Yamaguchi teria sugerido a mudança por meio de decreto presidencial para recomendar o medicamento a pacientes da covid-19. A médica negou os depoimentos, e disse ter recebido a sugestão do decreto somente depois da reunião. Ela também afirmou que não participou da concepção do documento.
Perguntada pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) se não sabia do objetivo da reunião, Nise voltou a negar. "Eu não sei se esse seria o objetivo real da reunião. Eu participei da reunião como convidada para discutir as ações da hidroxicloroquina e não para a mudança de bula por decreto", disse.
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