Para a pediatra Cinara Carneiro, a troca diária com os pacientes é o que torna gratificante a jornada como profissional da saúde
Com uma abordagem que ultrapassa as barreiras do cuidado clínico, o médico pediatra pode criar um ambiente de afeto e cuidado que conforta os pequenos pacientes e suas famílias em tempos de dificuldade. Em alusão ao dia do pediatra, comemorado nesta quinta-feira (27), o Hospital Infantil Albert Sabin (Hias), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), compartilha uma história de conexões profundas formadas no ambiente hospitalar, com inspiração no lúdico e no atendimento transformador.
A médica pediatra intensivista e especialista em cuidados paliativos, Cinara Carneiro, é um exemplo deste tipo de envolvimento singular que acontece no Hias, no qual a dedicação e o propósito de cuidar de crianças é um lembrete constante do quão significativa é sua missão como profissional de saúde. Ela descreve como o cotidiano na Unidade de Cuidados Prolongados (UCP) constrói laços sólidos e trocas valiosas com as famílias, o que vai muito além do cuidado clínico, construindo uma estratégia completa de assistência.
“As nossas crianças precisam de olhares que vão além, que pensem no desenvolvimento, na relação com a família e com os amigos. No dia a dia, aprendemos que o papel do pediatra não se limita apenas ao atendimento médico: nos tornamos articuladores entre todos os profissionais envolvidos no cuidado da criança, buscando uma abordagem multidisciplinar para o tratamento”, afirma.
Ao falar sobre a qualidade do atendimento, Cinara enfatiza a importância dos vínculos construídos com as famílias. Para ela, ouvir os medos da criança e decidir, em conjunto com o paciente e a família, os rumos do tratamento são aspectos cruciais desse relacionamento baseado na confiança. Essa troca é o que torna gratificante a jornada de um pediatra, que passa a valorizar o impacto positivo que causa na vida das famílias.
“Sempre gostei muito do lúdico, sempre gostei de brincar e a comédia é minha melhor forma de trabalhar. Cuidar delas todos os dias no ambiente de ambulatório ou de internação hospitalar sempre envolve brincadeiras, e isso torna a nossa rotina ainda mais especial”, descreve.
E, apesar de enfrentar momentos difíceis, como lidar com situações de luto, Cinara destaca que é possível desenvolver as ferramentas emocionais para enfrentá-los da melhor forma possível. Além disso, focar no propósito de cuidar de crianças que poderão retornar à sociedade é um lembrete constante do quão significativa é sua trajetória como profissional de saúde.
Thamires, mãe do paciente sob cuidados paliativos Lohan, de 11 anos, diz que o cuidado humanizado do pediatra garante maior conforto emocional
No mundo dos cuidados paliativos, onde o tempo é precioso, Cinara Carneiro escolheu dedicar-se a cuidar das crianças em suas lutas mais difíceis, tornando a estadia de seus pacientes e suas famílias um pouco mais leve. Dentre as convivências diárias, está a com o pequeno Lohan William, de 11 anos. A história dele mostra a verdadeira dimensão do cuidado humanizado que permeia os setores do Hias.
Lohan possui uma doença genética rara e progressiva. Thamires Martins de Almeida, mãe do paciente, relata que a condição do menino traz consigo uma dura realidade: sua vida será mais breve do que o desejado. No entanto, ela reforça que a situação não abala o compromisso da pediatra com o bem-estar e o apoio contínuo ao jovem paciente.
“Ele é um paciente paliativo, não terá uma vida duradoura. Mesmo sabendo de tudo isso, ela não desistiu dele. Ela teve todo o cuidado de mantê-lo perto, e eu acredito que ele também se sente mais seguro,” compartilha Thamires.
Para ela, Cinara representa uma fonte de apoio e conforto. A relação que se formou entre eles transcende o aspecto médico e se enraíza em uma conexão emocional única. “Ela proporciona atenção, sempre pergunta se precisamos de algo, mas só em estar aqui eu já fico muito grata, ela faz toda a diferença desde o primeiro dia que eu coloquei meu pé aqui,” expressa.